EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE TECNOLOGIAS
(Discurso proferido
por João Álcimo Viana Lima, em Tauá, em 30/10/2013, no lançamento do livro “Formação
de professores para as tecnologias digitais: software livre e educação a distância”).
Oportunamente um
grupo de professores pesquisadores, sob a organização de João Batista Carvalho
Nunes e Luisa Xavier de Oliveira, lança o livro “Formação de professores para
as tecnologias digitais: software
livre e educação a distância”. A obra, impressa em dois volumes, contém 15 textos
ou capítulos da lavra de 17 autores.
Destes, honra-nos com
suas presenças no lançamento do referido livro, a tauaense Luisa Xavier de
Oliveira (professora da UFPI, doutoranda em educação pela UFRJ e pedagoga integrante
da primeira turma de alunos do CECITEC); o tauaense Vicente de Paulo Alves dos
Santos (diretor da Agência Ambiental para Administração Pública, ex-secretário
executivo da SECULT, especialista em Gestão e Auditoria em Finanças Pública e
pedagogo pelo CECITEC); a parambuense/tauaense Marluce Torquato Lima Gonçalves
(professora da UECE, mestra em educação pela UECE, pedagoga integrante da
segunda turma de alunos do CECITEC e coordenadora da CREDE XV); Viviani Maria
Barbosa Sales (professora do Laboratório de Informática da rede municipal de
ensino de Fortaleza e mestra em educação pela UECE); e João Batista Carvalho
Nunes (doutor em Filosofia e Ciências da Educação pela Universidade de Santiago
da Compostela, professor do programa de pós-graduação em Educação e do mestrado
profissional em Computação Aplicada da UECE, ex-pró-reitor de graduação e de
pós-graduação e pesquisa das UECE).
O livro foi
concretizado sob a égide do grupo de pesquisa Laboratório de Tecnologia
Educacional e Software Livre (LATES),
criado em 2005, no âmbito do Centro de Educação da Universidade Estadual do
Ceará, por meio da competente liderança acadêmica do professor João Batista
Carvalho Nunes. Realizando pesquisas coletivas com diferentes metodologias, a
produção do saber gerada pelo LATES, a partir de seus integrantes, tem
sinalizado para perspectivas de aplicação de seus resultados. Hoje, Tauá tem o
privilégio de ser a primeira cidade a lançar esta obra.
Como o próprio título
já nos diz, o livro trata de formação de professores para as tecnologias
digitais. Como citei, o grupo LATES, que foi o seu gerador, está vinculado ao
Centro de Educação da UECE. Dos 17 autores, 12 deles são professores e/ou foram
alunos de graduação ou pós-graduação da UECE. Essa relação não comprometeu o
espírito livre das pesquisas, conforme constatamos. No texto “Tecnologias
digitais, política educacional e formação de professores”, João Batista
Carvalho Nunes infere que: “As instituições formadoras de nível superior
precisam, além de inclusão de disciplinas e conteúdos sobre o uso das TICs em
seus currículos de licenciaturas, incluindo a Pedagogia, oferecer instalações
físicas e recursos humanos e materiais adequados a uma formação científica e
tecnológica do futuro professor” (p. 45, v.1).
No texto “Formação de
professores para a EaD: o uso das TICs em questão”, Viviani Maria Barbosa Sales
e João Batista Carvalho Nunes revelam a constatação que no curso de Pedagogia
da UAB/UECE, “na maioria dos casos, o docente passa a fazer parte de equipes de
curso online sem ter conhecimento do que é necessário para se apropriar de
forma intensa das possibilidades trazidas pelas redes tecnológicas” (p. 132,
v.1).
Os autores defendem
enfaticamente o uso das tecnologias digitais como “ferramenta e complemento,
dentro e fora da escola”, que, contudo, conforme João Batista Carvalho Nunes e
Luisa Xavier de Oliveira, não podem ser pensadas “como substituta do trabalho
docente do professor e do sistema escolar” (p. 15-16). De fato, as TICs nos
levam a uma ressignificação do trabalho docente. Aqui, lembro a filósofa
Viviane Mosé, que disse: “É impossível em sala de aula o professor ser maior
que o google”. Os textos evidenciam
não somente a defesa da disseminação das tecnologias da informação e
comunicação no contexto educacional (na educação básica e educação superior),
mas, também, um conjunto de fatores, concebidos por meio das pesquisas, que são
necessários para fortalecê-las e consolidá-las, tais como: compromisso dos
gestores públicos e dos educadores, políticas educacionais, formação inicial e continuada
de professores, fundamentação pedagógica, estruturação física e tecnológica e
adoção de softwares livres. No campo
das advertências, o livro enfatiza, por exemplo, que a EaD, proveniente das
tecnologias digitais, não “será a panaceia para os problemas de acesso à
educação e baixo rendimento de parcela expressiva da população brasileira” (p.
134). Outra advertência que destaco: “É preciso fugir do paradigma da educação
tradicional e não usar tecnologias novas com metodologias velhas” (p. 133).
Permitam-me
concentrar-me, agora, em dois textos que falam de Tauá: “A adoção do software livre e política de inclusão
digital”, de João Batista Carvalho Nunes, Gláucia Mirian de Oliveira Souza e
Luisa Xavier de Oliveira; e “Formação de professores e inclusão digital: o uso
do software livre”, de Luisa Xavier
de Oliveira, João Batista Carvalho Nunes e Vicente de Paulo Alves dos Santos.
No contexto da pesquisa que resultou nesses dois artigos, os autores citam o programa
Cidade Digital, implantado, de forma planejada e ousada, em 2006, na gestão da
segunda gestão da prefeita Patrícia Aguiar. Tive o privilégio de coordenar esse
desafio que se materializou. Faço um adendo que os dois CCT’s (ou laboratórios
de informática) implantados e que estão citados (p. 86, v. 1) foram expandidos
para 76 na última gestão. Destaco, dos autores, o seguinte comentário: “Foi
possível aferir que os docentes compreendem o uso do software livre na educação muito mais do que a possibilidade de
inserção das TIC’s na educação, mas também como opção por ideias de inclusão
social dos professores e alunos das camadas sociais menos favorecidas
economicamente, que passam a ter acesso a programas de qualidade atualizados”. (p. 103, v.1).
O volume 2 do livro
relaciona a prática de software livre
com a formação dos professores, incluindo as áreas de Geometria e Língua
Portuguesa, o letramento digital, EJA, bem como os gestores escolares.
Marluce Torquato Lima
Gonçalves, em seu texto “TIC’s: o uso integrado da Língua Portuguesa na
escola”, estuda a repercussão das tecnologias digitais na aprendizagem dos
alunos da rede estadual de ensino da CREDE 15, mais especificamente em Tauá,
tendo por base os resultados do SPAECE (Sistema Permanente de Avaliação da
Educação Básica do Ceará). Aqui, a autora compartilha, em forma de pesquisa e
de produção textual, os desafios por ela coordenados de elevar os indicadores
de aprendizagem das escolas públicas estaduais. Corroboro com minha companheira
de UECE: “As TIC’s devem ser incorporadas na escola, com o objetivo de
contribuir para expandir o acesso à informação atualizada e de contribuir com a
formulação do conhecimento, estabelecendo novas relações com o saber produzido”
(p. 58, v.2).
Em meio a uma grande
diversidade de possibilidades que temos a partir das TICs, concluo o texto
inicial do livro, de Ana Ignez Belém Lima Nunes, Rosemary do Nascimento
Silveira e Alessandra Silva Xavier. Ao falarem dos desafios da instituição
escolar em tempos de tecnologias, elas destacam questões absolutamente
pertinentes e que, portanto, merecem nossa atenção: “A rapidez, a vertigem e a
fugacidade permitidas pela rede têm implicações sérias na constituição psíquica
de crianças e jovens, que muitas vezes não conseguem mais viver a paciência, a
reflexão sobre a existência e, especialmente, o pensar com as próprias ideias
sem recortes e colagens”. (p. 19, v.1).
Tempos de
tecnologias.
Leiamos os dois
volumes desta qualificada obra.
Muito obrigado!
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