sexta-feira, 14 de março de 2014

EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE TECNOLOGIAS | Professor João Álcimo

EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE TECNOLOGIAS


(Discurso proferido por João Álcimo Viana Lima, em Tauá, em 30/10/2013, no lançamento do livro “Formação de professores para as tecnologias digitais: software livre e educação a distância”).

Oportunamente um grupo de professores pesquisadores, sob a organização de João Batista Carvalho Nunes e Luisa Xavier de Oliveira, lança o livro “Formação de professores para as tecnologias digitais: software livre e educação a distância”. A obra, impressa em dois volumes, contém 15 textos ou capítulos da lavra de 17 autores.
Destes, honra-nos com suas presenças no lançamento do referido livro, a tauaense Luisa Xavier de Oliveira (professora da UFPI, doutoranda em educação pela UFRJ e pedagoga integrante da primeira turma de alunos do CECITEC); o tauaense Vicente de Paulo Alves dos Santos (diretor da Agência Ambiental para Administração Pública, ex-secretário executivo da SECULT, especialista em Gestão e Auditoria em Finanças Pública e pedagogo pelo CECITEC); a parambuense/tauaense Marluce Torquato Lima Gonçalves (professora da UECE, mestra em educação pela UECE, pedagoga integrante da segunda turma de alunos do CECITEC e coordenadora da CREDE XV); Viviani Maria Barbosa Sales (professora do Laboratório de Informática da rede municipal de ensino de Fortaleza e mestra em educação pela UECE); e João Batista Carvalho Nunes (doutor em Filosofia e Ciências da Educação pela Universidade de Santiago da Compostela, professor do programa de pós-graduação em Educação e do mestrado profissional em Computação Aplicada da UECE, ex-pró-reitor de graduação e de pós-graduação e pesquisa das UECE).
O livro foi concretizado sob a égide do grupo de pesquisa Laboratório de Tecnologia Educacional e Software Livre (LATES), criado em 2005, no âmbito do Centro de Educação da Universidade Estadual do Ceará, por meio da competente liderança acadêmica do professor João Batista Carvalho Nunes. Realizando pesquisas coletivas com diferentes metodologias, a produção do saber gerada pelo LATES, a partir de seus integrantes, tem sinalizado para perspectivas de aplicação de seus resultados. Hoje, Tauá tem o privilégio de ser a primeira cidade a lançar esta obra.
Como o próprio título já nos diz, o livro trata de formação de professores para as tecnologias digitais. Como citei, o grupo LATES, que foi o seu gerador, está vinculado ao Centro de Educação da UECE. Dos 17 autores, 12 deles são professores e/ou foram alunos de graduação ou pós-graduação da UECE. Essa relação não comprometeu o espírito livre das pesquisas, conforme constatamos. No texto “Tecnologias digitais, política educacional e formação de professores”, João Batista Carvalho Nunes infere que: “As instituições formadoras de nível superior precisam, além de inclusão de disciplinas e conteúdos sobre o uso das TICs em seus currículos de licenciaturas, incluindo a Pedagogia, oferecer instalações físicas e recursos humanos e materiais adequados a uma formação científica e tecnológica do futuro professor” (p. 45, v.1).
No texto “Formação de professores para a EaD: o uso das TICs em questão”, Viviani Maria Barbosa Sales e João Batista Carvalho Nunes revelam a constatação que no curso de Pedagogia da UAB/UECE, “na maioria dos casos, o docente passa a fazer parte de equipes de curso online sem ter conhecimento do que é necessário para se apropriar de forma intensa das possibilidades trazidas pelas redes tecnológicas” (p. 132, v.1).
Os autores defendem enfaticamente o uso das tecnologias digitais como “ferramenta e complemento, dentro e fora da escola”, que, contudo, conforme João Batista Carvalho Nunes e Luisa Xavier de Oliveira, não podem ser pensadas “como substituta do trabalho docente do professor e do sistema escolar” (p. 15-16). De fato, as TICs nos levam a uma ressignificação do trabalho docente. Aqui, lembro a filósofa Viviane Mosé, que disse: “É impossível em sala de aula o professor ser maior que o google”. Os textos evidenciam não somente a defesa da disseminação das tecnologias da informação e comunicação no contexto educacional (na educação básica e educação superior), mas, também, um conjunto de fatores, concebidos por meio das pesquisas, que são necessários para fortalecê-las e consolidá-las, tais como: compromisso dos gestores públicos e dos educadores, políticas educacionais, formação inicial e continuada de professores, fundamentação pedagógica, estruturação física e tecnológica e adoção de softwares livres. No campo das advertências, o livro enfatiza, por exemplo, que a EaD, proveniente das tecnologias digitais, não “será a panaceia para os problemas de acesso à educação e baixo rendimento de parcela expressiva da população brasileira” (p. 134). Outra advertência que destaco: “É preciso fugir do paradigma da educação tradicional e não usar tecnologias novas com metodologias velhas” (p. 133).
Permitam-me concentrar-me, agora, em dois textos que falam de Tauá: “A adoção do software livre e política de inclusão digital”, de João Batista Carvalho Nunes, Gláucia Mirian de Oliveira Souza e Luisa Xavier de Oliveira; e “Formação de professores e inclusão digital: o uso do software livre”, de Luisa Xavier de Oliveira, João Batista Carvalho Nunes e Vicente de Paulo Alves dos Santos. No contexto da pesquisa que resultou nesses dois artigos, os autores citam o programa Cidade Digital, implantado, de forma planejada e ousada, em 2006, na gestão da segunda gestão da prefeita Patrícia Aguiar. Tive o privilégio de coordenar esse desafio que se materializou. Faço um adendo que os dois CCT’s (ou laboratórios de informática) implantados e que estão citados (p. 86, v. 1) foram expandidos para 76 na última gestão. Destaco, dos autores, o seguinte comentário: “Foi possível aferir que os docentes compreendem o uso do software livre na educação muito mais do que a possibilidade de inserção das TIC’s na educação, mas também como opção por ideias de inclusão social dos professores e alunos das camadas sociais menos favorecidas economicamente, que passam a ter acesso a programas de qualidade atualizados”.  (p. 103, v.1).
O volume 2 do livro relaciona a prática de software livre com a formação dos professores, incluindo as áreas de Geometria e Língua Portuguesa, o letramento digital, EJA, bem como os gestores escolares.
Marluce Torquato Lima Gonçalves, em seu texto “TIC’s: o uso integrado da Língua Portuguesa na escola”, estuda a repercussão das tecnologias digitais na aprendizagem dos alunos da rede estadual de ensino da CREDE 15, mais especificamente em Tauá, tendo por base os resultados do SPAECE (Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará). Aqui, a autora compartilha, em forma de pesquisa e de produção textual, os desafios por ela coordenados de elevar os indicadores de aprendizagem das escolas públicas estaduais. Corroboro com minha companheira de UECE: “As TIC’s devem ser incorporadas na escola, com o objetivo de contribuir para expandir o acesso à informação atualizada e de contribuir com a formulação do conhecimento, estabelecendo novas relações com o saber produzido” (p. 58, v.2).
Em meio a uma grande diversidade de possibilidades que temos a partir das TICs, concluo o texto inicial do livro, de Ana Ignez Belém Lima Nunes, Rosemary do Nascimento Silveira e Alessandra Silva Xavier. Ao falarem dos desafios da instituição escolar em tempos de tecnologias, elas destacam questões absolutamente pertinentes e que, portanto, merecem nossa atenção: “A rapidez, a vertigem e a fugacidade permitidas pela rede têm implicações sérias na constituição psíquica de crianças e jovens, que muitas vezes não conseguem mais viver a paciência, a reflexão sobre a existência e, especialmente, o pensar com as próprias ideias sem recortes e colagens”. (p. 19, v.1).
Tempos de tecnologias.
Leiamos os dois volumes desta qualificada obra.
Muito obrigado!

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