sexta-feira, 14 de março de 2014

A OBRA DE JOAQUIM DE CASTRO FEITOSA: CIÊNCIA E CULTURA EM PROL DOS CEARENSES | Professor João Álcimo

A OBRA DE JOAQUIM DE CASTRO FEITOSA: CIÊNCIA E CULTURA EM PROL DOS CEARENSES



(Discurso proferido na sessão solene de entrega da Medalha do Mérito Cultural para o Engenheiro Agrônomo Joaquim de Castro Feitosa, no CECITEC, em Tauá, 23 de janeiro de 2002).


O gesto da UECE
A mim foi concedida a honra de falar sobre Joaquim de Castro Feitosa [1915-2003], nosso querido Dr. Feitosinha. Com essa incumbência, inicio ressaltando a magnitude do gesto do Conselho Universitário da UECE, que por unanimidade aprovou a outorga da Medalha do Mérito Cultural(1) a esse ícone da moralidade e da preservação histórica e cultural.
A UECE, enquanto instituição que atua precipuamente na formação de profissionais e na produção e socialização da cultura e do conhecimento fez, acima de tudo, justiça em laurear a obra de Joaquim de Castro Feitosa. Dr. Feitosinha é um formador por excelência; no meio acadêmico-científico e cultural, é detentor de uma vasta produção; nos Inhamuns e no Estado cearense, seu trabalho profissional-institucional e profissional-autônomo sempre foi pautado pela incessante preocupação em levar conhecimento para o homem campesino e para a juventude, com o propósito de elevar o nível de conscientização política. O seu trabalho representa, portanto, uma indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

O mérito do homenageado
O conjunto da obra do Dr. Feitosinha é, indubitavelmente, merecedor de uma das maiores honrarias concedidas por instituições universitárias a personalidades de destaque. Entretanto, entendo que bastaria alguma ação específica, dentre as inúmeras que tiveram e têm a sua rubrica, para a outorga da referida medalha configurar-se como justa. Se assim a Universidade preferisse, poderíamos apontar a instalação da Estação Ecológica de Aiuaba; ou mesmo a criação e ampliação da Escola Prática de Agricultura e Veterinária; ou a criação da Sociedade Cearense do Meio Ambiente – da qual foi seu primeiro presidente; ou ainda, a instalação e a manutenção do Museu dos Inhamuns; ou pelo fato de ter integrado o Grupo de Apoio que resultou na criação do nosso CECITEC. Mas, poderia se configurar como injustiça vermos o Dr. Feitosinha de forma fragmentada. Ele é sua obra e sua obra é todo um conjunto que envolve a agronomia, a antropologia, a paleontologia, a literatura, a história, o sertão, a cultura e a ciência de um modo geral.
Aos 86 anos de idade [em 2002], Dr. Feitosinha prossegue com obstinação, em sua incessante luta em prol da preservação da natureza, da produção e valorização científica e cultural e pelo devido respeito ao sertanejo. Detentor de um entusiasmo e de uma lucidez impressionantes, é reivindicado por todos os segmentos sociais para participar e colaborar. Apesar de suas constantes ocupações e de seus problemas de saúde, é incansável e está sempre disposto a contribuir com as atividades que são norteadas pela seriedade. Com a humildade que lhe é peculiar, esbanja conhecimento e experiência, justificando, assim, sua notoriedade e respeitabilidade. No ambiente que tem o privilégio de contar com sua presença, permeia sempre um bom senso de humor. Como defensor da moralidade administrativa, protesta contra os gastos perdulários do poder público e cobra mais eficácia e honestidade.

A lição de Dr. Feitosinha

Indagado sobre o segredo para tamanha vitalidade, Dr. Feitosinha em entrevista concedida a acadêmicos de Pedagogia, em 1999, afirmou o seguinte: Não tenho inveja, não sou usurário (homem que morre moço, chateado, louco por dinheiro). Sempre respeitei a todos. E assim vou vivendo, procurando sempre fazer alguma coisa pelas pessoas. Quando falo com as pessoas, elas é que são importantes”(2).
Joaquim de Castro Feitosa, que foi condecorado com a Comenda Chico Mendes, pela Assembleia Legislativa do Ceará(3), é Mérito Cultural, Mérito dos Inhamuns e Mérito do CECITEC, por tê-lo como amigo fiel. Sediar uma sessão solene do Conselho Universitário é, de fato, um mérito para este Centro e para esta microrregião. Principalmente, levando em conta todas as credenciais do homenageado e, ainda mais, pelo fato de ele haver reivindicado para que a sessão fosse realizada em sua terra natal. O gesto de Dr. Feitosinha representa a valorização do CECITEC, que não obstante as inúmeras dificuldades, foi a única unidade dentre todas as que compõem o sistema estadual de ensino superior que conquistou conceito A no último Exame Nacional de Cursos do Ministério da Educação(4).
Dr. Feitosinha é muito caro para a UECE, para o CECITEC, para Tauá, para os Inhamuns, para o Ceará, para a cultura, para a ciência e para a ética. Muito obrigado!


NOTAS E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1)  O projeto que resultou na aprovação da referida Medalha teve a autoria do professor Francisco de Assis Moura Araripe.
(2)  Referida entrevista foi concedida nas dependências do Museu dos Inhamuns, sendo documentada em fita de vídeo e comentada, com transcrição de alguns trechos, na revista “Ceará: História e Educação”, que foi lançada na disciplina Educação no Ceará, do curso de Pedagogia do CECITEC (1999).
(3)  A Medalha Chico Mendes foi aprovada pela Lei Estadual nº 11.564, de 26 de junho de 1989, com publicação no Diário Oficial do Estado do Ceará, em 28 de junho de 1989.
(4)  A conquista do conceito A pelo curso de Pedagogia do CECITEC, em 2000, no âmbito do Exame Nacional de Cursos, foi confirmada nos dois anos seguintes em que este foi realizado (2001 e 2002). Cf. LIMA, J. A. V. Interiorização universitária. O Povo, Fortaleza, 19 jan. 2003. Jornal do Leitor, p. 2. / LIMA, J. A. V. O “tri” de Tauá. O Povo, Fortaleza, 30 dez. 2003. Opinião, p. 6.  / O POVO. Curso de Pedagogia de Tauá ganha conceito A pela 3ª vez. Disponível em: http://admnoolhar.com.... Acesso em: 3 jan. 2004. / DIÁRIO DO NORDESTE. Pedagogia de Tauá obtém Conceito A pela 3ª vez. Fortaleza, 2 jan. 2014. Caderno Regional, p. 3.

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