A OBRA DE JOAQUIM DE CASTRO FEITOSA: CIÊNCIA E CULTURA EM PROL DOS CEARENSES
(Discurso proferido
na sessão solene de entrega da Medalha do Mérito Cultural para o Engenheiro
Agrônomo Joaquim de Castro Feitosa, no CECITEC, em Tauá, 23 de janeiro de
2002).
O gesto da UECE
A mim foi concedida a
honra de falar sobre Joaquim de Castro Feitosa [1915-2003], nosso querido Dr. Feitosinha. Com essa incumbência,
inicio ressaltando a magnitude do gesto do Conselho Universitário da UECE, que
por unanimidade aprovou a outorga da Medalha do Mérito Cultural(1) a
esse ícone da moralidade e da preservação histórica e cultural.
A UECE, enquanto
instituição que atua precipuamente na formação de profissionais e na produção e
socialização da cultura e do conhecimento fez, acima de tudo, justiça em
laurear a obra de Joaquim de Castro Feitosa. Dr. Feitosinha é um formador por
excelência; no meio acadêmico-científico e cultural, é detentor de uma vasta
produção; nos Inhamuns e no Estado cearense, seu trabalho
profissional-institucional e profissional-autônomo sempre foi pautado pela
incessante preocupação em levar conhecimento para o homem campesino e para a
juventude, com o propósito de elevar o nível de conscientização política. O seu
trabalho representa, portanto, uma indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão.
O mérito do homenageado
O conjunto da obra do Dr.
Feitosinha é, indubitavelmente, merecedor de uma das maiores honrarias
concedidas por instituições universitárias a personalidades de destaque.
Entretanto, entendo que bastaria alguma ação específica, dentre as inúmeras que
tiveram e têm a sua rubrica, para a outorga da referida medalha configurar-se
como justa. Se assim a Universidade preferisse, poderíamos apontar a instalação
da Estação Ecológica de Aiuaba; ou mesmo a criação e ampliação da Escola
Prática de Agricultura e Veterinária; ou a criação da Sociedade Cearense do
Meio Ambiente – da qual foi seu primeiro presidente; ou ainda, a instalação e a
manutenção do Museu dos Inhamuns; ou pelo fato de ter integrado o Grupo de
Apoio que resultou na criação do nosso CECITEC. Mas, poderia se configurar como
injustiça vermos o Dr. Feitosinha de forma fragmentada. Ele é sua obra e sua
obra é todo um conjunto que envolve a agronomia, a antropologia, a
paleontologia, a literatura, a história, o sertão, a cultura e a ciência de um
modo geral.
Aos 86 anos de idade [em 2002], Dr. Feitosinha prossegue com obstinação, em sua
incessante luta em prol da preservação da natureza, da produção e valorização
científica e cultural e pelo devido respeito ao sertanejo. Detentor de um
entusiasmo e de uma lucidez impressionantes, é reivindicado por todos os
segmentos sociais para participar e colaborar. Apesar de suas constantes
ocupações e de seus problemas de saúde, é incansável e está sempre disposto a
contribuir com as atividades que são norteadas pela seriedade. Com a humildade
que lhe é peculiar, esbanja conhecimento e experiência, justificando, assim,
sua notoriedade e respeitabilidade. No ambiente que tem o privilégio de contar
com sua presença, permeia sempre um bom senso de humor. Como defensor da
moralidade administrativa, protesta contra os gastos perdulários do poder
público e cobra mais eficácia e honestidade.
A lição de Dr. Feitosinha
Indagado sobre o segredo para tamanha
vitalidade, Dr. Feitosinha em entrevista concedida a acadêmicos de Pedagogia,
em 1999, afirmou o seguinte: “Não
tenho inveja, não sou usurário (homem que morre moço, chateado, louco por
dinheiro). Sempre respeitei a todos. E assim vou vivendo, procurando sempre
fazer alguma coisa pelas pessoas. Quando falo com as pessoas, elas é que são
importantes”(2).
Joaquim de Castro
Feitosa, que foi condecorado com a Comenda Chico Mendes, pela Assembleia
Legislativa do Ceará(3), é Mérito Cultural, Mérito dos Inhamuns e
Mérito do CECITEC, por tê-lo como amigo fiel. Sediar uma sessão solene do
Conselho Universitário é, de fato, um mérito para este Centro e para esta
microrregião. Principalmente, levando em conta todas as credenciais do
homenageado e, ainda mais, pelo fato de ele haver reivindicado para que a
sessão fosse realizada em sua terra natal. O gesto de Dr. Feitosinha representa
a valorização do CECITEC, que não obstante as inúmeras dificuldades, foi a
única unidade dentre todas as que compõem o sistema estadual de ensino superior
que conquistou conceito A no último Exame Nacional de Cursos do Ministério da
Educação(4).
Dr. Feitosinha é muito caro para a UECE, para
o CECITEC, para Tauá, para os Inhamuns, para o Ceará, para a cultura, para a
ciência e para a ética. Muito obrigado!
NOTAS E
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1) O projeto que resultou na aprovação da
referida Medalha teve a autoria do professor Francisco de Assis Moura Araripe.
(2) Referida entrevista foi concedida nas
dependências do Museu dos Inhamuns, sendo documentada em fita de vídeo e
comentada, com transcrição de alguns trechos, na revista “Ceará: História e
Educação”, que foi lançada na disciplina Educação no Ceará, do curso de
Pedagogia do CECITEC (1999).
(3) A Medalha Chico Mendes foi aprovada
pela Lei Estadual nº 11.564, de 26 de junho de 1989, com publicação no Diário
Oficial do Estado do Ceará, em 28 de junho de 1989.
(4)
A
conquista do conceito A pelo curso de Pedagogia do CECITEC, em 2000, no âmbito
do Exame Nacional de Cursos, foi confirmada nos dois anos seguintes em que este
foi realizado (2001 e 2002). Cf. LIMA, J. A. V. Interiorização universitária. O Povo, Fortaleza, 19 jan. 2003. Jornal
do Leitor, p. 2. / LIMA, J. A. V. O “tri” de Tauá. O Povo, Fortaleza, 30 dez. 2003. Opinião, p. 6. / O POVO. Curso
de Pedagogia de Tauá ganha conceito A pela 3ª vez. Disponível em: http://admnoolhar.com.... Acesso em: 3 jan.
2004. / DIÁRIO DO NORDESTE. Pedagogia de
Tauá obtém Conceito A pela 3ª vez. Fortaleza, 2 jan. 2014. Caderno
Regional, p. 3.
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