BRASIL RICO DE CULTURA, MAS POBRE DE CONSCIÊNCIA
(João Álcimo Viana)
Brasil
da raça nativa,
Com
seus ritos e sistemas,
Sem
Estado e sem algemas,
Mas
com força criativa;
Porém
o branco lhe priva
Com
chumbo e com penitência,
Destruindo
sua essência
No
jugo de outra estrutura.
Brasil
rico de cultura
Mas
pobre de consciência.
Brasil
que foi construído
Com
o negro escravizado,
Que
nos deixou um legado
Que
não será destruído;
Mas
não é reconhecido
E
é posto na indigência,
Recebendo
com freqüência
O
açoite da escravatura.
Brasil
rico de cultura
Mas
pobre de consciência.
Brasil
berço de Machado,
O
ícone do Realismo;
Brasil
de um regionalismo
Descrito
por Jorge Amado;
Brasil
de Celso Furtado,
Que
no mundo é referência;
Mas
que despreza a ciência
E
ofusca a literatura.
Brasil
rico de cultura
Mas
pobre de consciência.
Brasil
palco do forró,
De
Luís, Rei do Baião,
De
Catulo da Paixão,
Pátria-mãe
do carimbo;
Mas
“eguinha pocotó”,
Sem
conteúdo e cadência
Faz
Chacrinha com veemência
Tremer-se
na sepultura.
Brasil
rico de cultura
Mas
pobre de consciência.
Brasil
que deixa à mercê
A
cultura popular
E
prefere se ligar
Na
escória do BBB;
Meu
Brasil onde a TV
Pra
conquistar audiência
Apela
para a indecência
Com
pífia desenvoltura.
Brasil
rico de cultura
Mas
pobre de consciência.
Brasil
que foi planejado
Por
Rui e Gonçalves Ledo,
Por
Frei Caneca e Tancredo
E
por JK governado;
Mas
que foi penalizado
Com
máfias na Previdência
E
com a grave conseqüência
Dos
porões da ditadura.
Brasil
rico de cultura
Mas
pobre de consciência.
Brasil
de pátrios projetos,
Como
os de Darcy Ribeiro,
Mas
buscou no estrangeiro
Transplantes
vis/incorretos;
Brasil
dos analfabetos,
Evasão
e repetência,
Mas
destinou a tendência
De
Paulo Freire à censura.
Brasil
rico de cultura
Mas
pobre de consciência.
Brasil
templo do “Padim” –
O
Padre Cícero Romão,
Mas
que teve o seu sermão
Cassado
por Dom Joaquim;
Brasil
que deu triste fim
Com
as marcas da onipotência
A
uma nova experiência
Que
Conselheiro inaugura.
Brasil
rico de cultura
Mas
pobre de consciência.
Brasil
do Norte/Nordeste,
De
Amazônia e Sertões,
Mas
que sofre restrições
Em
prol do Sul e Sudeste;
E
o nosso “cabra-da-peste”
Padece
com a negligência,
Restando-lhe
a Providência
Para
ungir sua bravura.
Brasil
rico de cultura
Mas
pobre de consciência.
Brasil
das contradições -
Riqueza
e desigualdade;
Brasil
da diversidade,
Mas
das discriminações;
Para
as novas gerações
O
teor da Inconfidência
Pauta-se
na delinquência,
Na
propina e na usura.
Brasil
rico de cultura
Mas pobre de consciência.
Mas pobre de consciência.
João Álcimo Viana |
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