terça-feira, 30 de julho de 2019

CECITEC: CONQUISTA E TRAJETÓRIA EM PROL DO FORTALECIMENTO DOS INHAMUNS.

CECITEC: CONQUISTA E TRAJETÓRIA EM PROL DO FORTALECIMENTO DOS INHAMUNS.


(Discurso proferido por João Álcimo Viana Lima na solenidade de transmissão do cargo de diretor do CECITEC, em Tauá, em 31 de julho de 1999).


A importância da política de interiorização da UECE

Em agosto de 1994, concluí o curso de História pela Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central, em Quixadá. Sete meses depois, tive o privilégio de concorrer ao Concurso de Provas e Títulos que visava formar a primeira equipe docente do CECITEC. Felizmente, obtive êxito. Mas essa conquista pessoal só foi possível graças ao processo de interiorização de nossa Universidade Estadual do Ceará. Como interiorano nato, obtive minha formação acadêmica na faculdade instalada em minha microrregião natal. E eis que, em março de 1995, após a divulgação do resultado do referido concurso, refleti e com muita emoção passei a perceber que a minha aprovação ia além de uma realização individual e que se configurava como um resultado positivo da política de interiorização ueceana.
Para minha surpresa, recebi o convite do então Magnífico Reitor – filho do vizinho Município de Arneiroz -, Prof. Paulo de Melo Jorge Filho, para vir iniciar os trabalhos do Centro de Educação, Ciências e Tecnologia da Região dos Inhamuns. O caminho já estava delineado: os cursos de Ciências e Pedagogia tinham sido autorizados pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão; o Centro estava com prédio próprio; oitenta e nove alunos já tinham sido aprovados em concurso vestibular, treze professores aprovados aguardavam ansiosamente pela homologação do concurso. Porém, as atividades precisavam começar. E para tal, aceitei a incumbência, mantendo firme o compromisso de cooperar com a interiorização universitária e ciente de que com as atribuições às quais acabara de investir-me, teria que, através do CECITEC, criar mecanismos que resultassem em oportunidades reais para a população dos Inhamuns.

A fase inicial do CECITEC

Posso dividir a história do CECITEC, nesse primeiro quadriênio de existência, em quatro fases. A primeira corresponde de 7 de junho de 1995, quando iniciamos as suas atividades administrativas, até o final do referido ano. Se o propósito era iniciar o seu funcionamento, reuni imediatamente os funcionários colocados à disposição pelo Governo do Estado e pela Prefeitura Municipal. Em 19 de junho, os primeiros vestibulandos aprovados nos Inhamuns puderam, enfim, afirmar que estavam usufruindo, com mérito – diga-se de passagem – do direito de serem estudantes universitários. Mas muitos desafios estavam postos à nossa frente, tais como: a contratação dos professores concursados; a adaptação da estrutura do prédio em uma academia; divulgar, dar feição e buscar apoio ao CECITEC. Em julho, todos os professores foram concursados, inclusive os que ficaram em segunda colocação; as instalações físicas foram improvisadas, pois isso se fazia necessário naquele momento; e a direção contou, desde o início, com a adesão da comunidade discente, que se integrou no processo de fortalecimento deste Centro.

A fase de afirmação do Centro

A segunda fase corresponde ao ano de 1996, e denomino-a de fase de afirmação. Nesse período, foi realizado o segundo vestibular; o planejamento estratégico foi elaborado com uma grande participação dos segmentos da sociedade do Sertão dos Inhamuns; buscou-se a aprovação dos projetos dos cursos de graduação, com a redefinição de suas grades curriculares; a Biblioteca começou a ser instalada; na área extensionista, o Centro despontou com o Núcleo de Informática e com a oferta de cursos voltados para o setor agropecuário, buscando sintonizar-se com a vocação econômica desta microrregião; as salas de aula começaram a ser construídas; materiais permanentes reivindicados começaram a chegar para suprir parte de nossas necessidades administrativas e acadêmicas; os alunos despontaram fora do Estado, contribuindo significativamente para o Programa Universidade Solidária; os Centros Acadêmicos foram criados; temas relevantes passaram a ser tratados no ambiente do CECITEC.

A fase de expansão do CECITEC

Os anos de 1997 e 98 podem ser analisados como a fase da expansão das atividades do CECITEC. Novos alunos ingressaram nos cursos de graduação, ocasionando a carência de mais professores, funcionários e de sala de aula; além disso, as turmas pioneiras, que já haviam vencido o momento mais difícil, direcionaram-se para a conclusão de seus cursos. No setor extensionista, inúmeros cursos foram ministrados com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador; implantou-se o Núcleo de Línguas Estrangeiras. O Centro Vocacional Tecnológico (CVT), no âmbito dos programas da Secretaria da Ciência e Tecnologia, foi instalado nas dependências deste campus, com seis modernos laboratórios: biologia, física, química, informática, eletromecânica e fitoterapia; foi realizado o Pró-Ciências, capacitando 79 professores oriundos de 13 municípios, nas áreas de ciências e da matemática, com experiências laboratoriais. Foi instalado um curso de pós-graduação lato sensu. Mesmo que timidamente, avançou-se na área de pesquisa, com a aprovação e o desenvolvimento de trabalhos de iniciação científica. Municípios da microrregião (Aiuaba, Parambu e Tauá), implantaram cursos de licenciatura breve para qualificar seus professores em nível superior. O Centro foi convidado para integrar comitês e conselhos de importância para os Inhamuns. Tauá sediou os X Jogos Universitários da UECE, recepcionando aproximadamente 500 acadêmicos de todo Estado. Os Festivais de Cultura Popular passaram a figurar no calendário anual do CECITEC. As palestras, os seminários, os debates e eventos de outras instituições passaram a acontecer cada vez mais frequentes em nossas dependências.

O CECITEC no estágio de sua consolidação

Entendo que a partir de 1999, o CECITEC alcançou o seu quarto estágio, que o denomino de fase da consolidação. E chegarmos a essa pretensão só foi possível porque superamos as dificuldades para avançar na caminhada. Temos que pensar em consolidação! Ora, já foram formados 60 profissionais, que imediatamente estão dando o retorno aos Inhamuns, pois mais de 80% deles estão atuando no magistério desta microrregião, inclusive uma profissional que aqui se formou é nossa professora bolsista. São 60 profissionais, e consequentemente, 60 trabalhos monográficos construídos nesta casa. Temos, por conseguinte, uma clientela em potencial para a implantação de um novo curso de pós-graduação. Mas devido a nossa expansão, temos pleitos que requerem urgência. Identifico, dentre eles, a construção de um espaço mais apropriado para a nossa Biblioteca Setorial e a ampliação do nosso Núcleo de Informática para melhor atendermos à comunidade acadêmica, cujos projetos já foram entregues à Administração Superior da UECE; a ampliação de nossa estrutura física, sendo que seu projeto arquitetônico já foi elaborado pela antiga Superintendência de Obras do Ceará; o reconhecimento dos cursos de graduação, junto ao Conselho de Educação do Ceará, cujos processos encontram-se em tramitação.

CECITEC – apoio e parcerias: agradecimentos pessoais

Percebemos, pois, que a Universidade é dinâmica e nos tempos hodiernos, é absolutamente imprescindível um “campus universitário” em qualquer microrregião estadual. E o CECITEC não é de responsabilidade apenas do Governo do Estado e da UECE. Ele como unidade que socializa o conhecimento, através do ensino, da pesquisa e da extensão, necessita de parcerias com prefeituras que compõem esta microrregião e com todos os segmentos organizados. Felizmente, essa parceria, academia e comunidade, é algo visível nos Inhamuns. Expresso categoricamente: o povo inhamunhense é deveras receptivo, tem potencial e sabe absorver e apoiar os investimentos positivos que aqui são feitos.
Quero, neste momento em que estou deixando a direção deste Centro, agradecer a todos que direta e indiretamente contribuíram para a implantação deste Campus e para com o meu mandato de Diretor. Agradeço àquelas pessoas que espontaneamente, quando o CECITEC estava apenas idealizado, fizeram parte do grupo de apoio, que foi coordenado pela senhora Maria Dolores de Andrade Feitosa. Enalteço o espírito público de três lideranças fundamentais para a efetivação dessa conquista: falo do ex-governador Ciro Gomes, do então deputado Júlio Rego e do ex-reitor Paulo Petrola, que confiou em meu trabalho e me apoiou decisivamente no início dessa campanha. Agradeço ao meu ex-professor e meu ex-diretor de Faculdade, Prof. Artur Pinheiro, que foi quem me indicou ao então reitor. Agradeço a atual Administração Superior e Intermediária da UECE, incluindo todos os diretores administrativos e pró-reitores; bem como ao Magnífico Reitor, Prof. Dr. Manassés Claudino Fonteles e ao Vice-Reitor, Prof. Francisco de Assis Moura Araripe, homem que conhece profundamente a nossa Universidade e que se dedica inteiramente à causa interiorana. Agradeço aos nossos competentes professores, responsáveis maiores pelo êxito adquirido deste Centro; aos grandes profissionais do CVT, que contribuem sobremaneira para o engrandecimento de nossas atividades; aos nossos valorosos universitários, que fortalecem este Centro, tanto por suas competências individuais, como pelo espírito de coletividade, de integração e de carinho. Hoje, temos alunos e ex-alunos, mas todos explicitam gratidão e reconhecem a importância do CECITEC. Sou eternamente grato aos nossos tão dedicados servidores. Destaco o apoio e a atenção das autoridades políticas, incluindo os deputados vinculados a esta microrregião, os prefeitos, vereadores, bem como de instituições públicas, instituições não governamentais, empresas privadas e de profissionais autônomos. Ressalto o imprescindível apoio da imprensa, que desde o início de nossas ações, de forma gentil, concedeu-nos espaço para divulgarmos o CECITEC, dando provas de compromisso para com o desenvolvimento local. Agradeço, enfim, aos filhos de Tauá e dos Inhamuns, que sempre olharam para esta instituição, com respeito, como é o exemplo do Movimento Pró-Colônia Tauaense.
Agradeço, por fim, a Deus, o Grande Arquiteto do Universo, a quem, conforme minha crença, devo inclusive o fato de ter vindo a Tauá e de ter me associado a um povo tão hospitaleiro.

O otimismo como estilo de trabalho e a valorização do caráter: em tom de despedidas

É bom que fique bem claro: estou deixando a direção do CECITEC, mas não estou saindo do CECITEC. Em absoluto. Sou profissional da UECE, com lotação neste Centro, a quem tenho um imensurável respeito. Respeito este também devotado aos Inhamuns e a Tauá, de quem me tornei seu filho com muita honra, graças ao título de cidadania, conferido pelos dignos parlamentares deste município. Não sei se exerci minhas atribuições de diretor a contento. Mas, tentei honrar o cargo que me foi confiado. Busquei empreender um estilo com otimismo, onde as lamentações cederam espaço à busca de resoluções dos problemas. Quanto à minha conduta, todos podem dar o seu testemunho – Reitor, Vice-Reitor, professores, alunos, funcionários, autoridades, amigos etc. Jamais os procurei, no sentido de denegrir esta ou aquela pessoa; jamais os procurei, tentando disseminar discórdia ou buscando algum proveito pessoal; Quando os procurei, tentei sempre explicitar o meu objetivo: conseguir algo em prol do crescimento do CECITEC. Entendo que acima do profissional, está o caráter da pessoa.
Saio feliz da direção do CECITEC, haja vista o clima de total normalidade que acontece neste processo de transição, bem como pelo fato de ter como minha substituta, uma profissional competente e extremamente comprometida com a educação e com a causa pública, a minha amiga, professora Marbênia Gonçalves de Almeida Bastos. E à Marbênia, dirijo-lhe sinceros votos de uma gestão profícua, reforçando o meu posicionamento de apoiá-la na trajetória de crescimento desta instituição.
 Corroborando o pensamento de Albert Einstein, transcrito no convite dos concludentes do semestre 1999.1, afirmo que “não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina utilizável, mas não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto”.
Muito obrigado a todos. Viva o CECITEC!

quinta-feira, 28 de junho de 2018

QUERO OS TOSTÕES DE SETENTA / EM VEZ DOS MILHÕES DE AGORA.


QUERO OS TOSTÕES DE SETENTA
EM VEZ DOS MILHÕES DE AGORA.

(Poesia de João Álcimo Viana)

Prefiro que a inteligência
Conduza a bola no pé
E honre o trono do Pelé
Que fez pra os gols reverência,
Fez do futebol ciência,
Pesquisa que o mundo explora,
A arte que mais se adora
E magia que mais se ostenta.
Quero os tostões de setenta
Em vez dos milhões de agora.


Prefiro o jogo elegante
E a cadência de Tostão,
Menos músculo e mais visão,
Como meia ou atacante;
Prefiro o jogo ondulante
Com a patada de outrora
Na bola que corrobora
Que Riva lhe representa.
Quero os tostões de setenta
Em vez dos milhões de agora.


Prefiro o jogo com classe
Do Canhotinha de Ouro,
Vibrante como um calouro,
Preciso no chute e passe;
Se outro furacão passasse
Trazendo o Jair de fora,
A bola que hoje chora
De gols ficava sedenta.
Quero os tostões de setenta
Em vez dos milhões de agora.


Quero um Capitão fardado
Honrando time e patente,
Um cordial combatente
E com gol imortalizado.
Quero o tostão ou cruzado
Ou o réis que não vigora,
Pois sei que ele colabora
Pra o dólar sair do penta.
Quero os tostões de setenta
Em vez dos milhões de agora.

(João Álcimo Viana)





segunda-feira, 15 de maio de 2017

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CONCEITOS, IMPACTOS E RESSIGNIFICAÇÃO EDUCACIONAL.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CONCEITOS, IMPACTOS E RESSIGNIFICAÇÃO EDUCACIONAL(1)



 (João Álcimo Viana Lima)

Conceitualmente, Educação a Distância (EaD) representa uma modalidade de ensino, que se torna possível a partir das tecnologias digitais e de rede, que são utilizadas como mediadoras do processo educativo, cuja metodologia dos cursos pode ser totalmente a distância, semipresencial (modelo misto) ou presencial-virtual, com “estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos” (BRASIL, 2005)(2).
A partir de um cabedal teórico, com autores como Lynn Alves e Cristiane Nova (2003)(3) e Kátia Morosov Alonso (2005)(4), podemos visualizar a EaD como um fenômeno que requer reflexões críticas num macro contexto de educação, ao tempo em que podemos ampliar as suas definições conceituais, relacionando-a ao princípio da democratização e do acesso ao conhecimento e aos cursos formais; bem como, concebendo-a como um processo mais abrangente de inovação educacional.
Não obstante, a gênese da EaD no Brasil ter ocorrido na década de 1920, com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, e em que pese à expansão, nas décadas seguintes, de cursos por correspondência e por meio dos sistemas radioeducativos e de telensino, a Lei nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/LDB)(5) configura-se como um marco na legislação e para a implantação de políticas e modelos educacionais associados às tecnologias digitais.
A LDB, no caput do artigo 80, estabelece que: “O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada”. Decorrido pouco mais de um ano, o Governo Federal publicou o Decreto nº 2.494/1998, regulamento o referido artigo. Em 2005, o Decreto nº 5.662, reafirmou, em seu artigo 2º, a oferta de cursos por meio de EaD na educação básica, educação de jovens e adultos (EJA), educação especial, educação profissional e educação superior.
A legislação brasileira, coadunada com o processo de expansão das estruturas de tecnologias da informação e comunicação, efetivou a implantação de programas sob a égide das perspectivas de EaD. Com efeito, foi criada, em 1996, a Secretaria de Educação a Distância (SEED), no âmbito do Ministério da Educação (MEC); foi instituído, em 1997, o Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo); e foram implantadas a Universidade Aberta do Brasil (UAB), em 2006, e a Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec), em 2007.
Ressalte-se que os sistemas UAB e e-Tec, a partir do credenciamento de instituições públicas junto ao MEC, que se responsabiliza pela assistência financeira na elaboração e execução dos cursos, vêm promovendo uma considerável expansão na oferta de ensino técnico, em graduação e em pós-graduação, com a utilização dos métodos de EaD.
Diferenciando-se do tradicional modelo presencial, a EaD tem como características a utilização de tecnologias digitais na relação professor-aluno-conteúdo e a necessidade de um “cenário tecnopedagógico”(6), que são preponderantes para a qualidade dos cursos e aprendizagem dos alunos. No contexto dessa modalidade, as práticas de E-learning e de U-learning (que representa maior mobilidade de acesso e interação) tornaram-se realidade.
Inerente ao que foi mencionado, a definição dos professores e tutores e dos recursos tecnológicos estão entre os fatores determinantes para a qualidade dos cursos de EaD. Assim, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), com suas funcionalidades, constituem-se em elemento central do processo. No tocante às funcionalidades, o correio eletrônico, o fórum, o motor de busca, o chat e a videoconferência estão entre as suas principais ferramentas. A adoção de software livre, com as devidas adequação e personalização, é outro aspecto relevante em torno do AVA, de modo a propiciar momentos de interação, produção de trabalhos e avaliações síncronas e assíncronas.     
Quanto à função ou às múltiplas funções do tutor, essa(s) se insere(m) no cenário de ressignificação da prática docente e requerem competência profissional em três dimensões: pedagógica (apropriação dos processos de aprendizagem, incluindo as práticas de avaliação qualitativa e quantitativa), didática (habilidades na mediação, dinamização e facilitação da aprendizagem) e técnica (domínio das funcionalidades e das questões técnicas dos ambientes virtuais). Na busca de alunos autônomos e compreendendo que entre os sujeitos prevalecem habilidades múltiplas e distintas, o tutor exerce, destarte, um papel de destaque nos cursos e programas de Educação a Distância.
Em meio à evolução, extraordinariamente rápida e em nível global, das tecnologias digitais, proporcionando mudanças impactantes na sociedade e instituições, com sistemas cada vez mais automatizados e uma “economia de plataformas”(7), o processo de ressignificação da educação tende a ganhar novos e mais expressivos contornos. Assim, a tendência é que em 2035 tenhamos a EaD ocupando um papel hegemônico nos processos educativos. Ademais, espera-se, que na transição do ressignificado da função docente, não tenhamos, como no vídeo “The lost job on Earth” a prevalência da mensagem recebida por Alice: “We’re upgrading our workforce and i’m sorry to say”.

NOTAS E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) Texto produzido, em 7/3/2017, para o curso de Formação em EaD – UAB/UECE.
(2) Cf. BRASIL. Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5622.htm>. Acesso em: 5 mar. 2017.
(3) ALVES, Lynn; NOVA, Cristiane. Educação a Distância. São Paulo: Futura, 2003.
(4) ALONSO, K. M. Algumas considerações sobre a educação a distância, aprendizagens e a gestão de sistemas não presenciais de ensino. In: PRETI, O. Educação a distância: ressignificando práticas. Brasília, DF: Liber Livro, 2005.
(5) BRASIL. Lei nº 9.394, de 23 de abril de 1996 (com emendas posteriores). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 19 jan. 2017.
(6) Expressão utilizada por MOREIRA, E; RODRIGUES, L.
 Educação a Distância: conceitos, legislação, características, modelos, recursos e tutoria (Aula 1). Fortaleza: UECE, 2017.  p. 6.
(7) Cf.<http://ofuturodascoisas.com/que-novos-empregos-vao-existir-em-2035/>. Acesso em: 3 mar. 2017.


EaD: Da Rádio Sociedade do Rio aos Ambientes Virtuais de Aprendizagem.


domingo, 14 de maio de 2017

"NAS TRÊS LETRAS DE MÃE TEM TANTO AMOR / QUE NÃO HÁ QUEM CONSIGA DESCREVER", DE JONAS BEZERRA E RAULINO SILVA.

Amigos(as), vejam que primor poético (e de improviso) dos poetas repentistas Jonas Bezerra e Raulino Silva. Nesse mote em decassílabo em cantam: NAS TRÊS LETRAS DE MÃE TEM TANTO AMOR / QUE NÃO HÁ QUEM CONSIGA DESCREVER.

RS - Mãe é dona do lar do piso ao teto
E giram os filhos em torno das mãezinhas
Pra seu nome escrever são três letrinhas
Mas que valem por todo alfabeto
Cada gesto de amor é tão repleto
Que não fere se for repreender
Nem machuca na hora de bater
Que até tapa de mãe é indolor
NAS TRÊS LETRAS DE MÃE TEM TANTO AMOR
QUE NÃO HÁ QUEM CONSIGA DESCREVER.

JB – Nas três letras de mãe a gente nota
Uma fonte de amor que não tem fim
Toda mãe se parece com um jardim
Dando vida pra cada flor que brota
Seu amor verdadeiro não se esgota
Estar entre a família é seu lazer
Ter cuidado com o filho é seu prazer
E tem a bênção de Deus em seu favor
NAS TRÊS LETRAS DE MÃE TEM TANTO AMOR
QUE NÃO HÁ QUEM CONSIGA DESCREVER.

RS – A   mãe muda de status toda hora
Pra ganhar do rebento a confiança
Vira carro que leva quando cansa
E quando vai caminhar se torna escora
Ela vira babá se o filho chora
Vira médica se o filho adoecer
E se o guri tiver dúvida de um dever
Ela assume o lugar do professor
NAS TRÊS LETRAS DE MÃE TEM TANTO AMOR
QUE NÃO HÁ QUEM CONSIGA DESCREVER.

JB – A barriga lhe deixa deformada
Sofre crise e distúrbio muitas vezes
Mesmo assim ela passa os nove meses
Esperando o momento da chegada
Sente dor, sente medo, fica inchada
Sem falar que tem risco de morrer
Mas enfrenta isso tudo por saber
Que o filho compensa a sua dor
NAS TRÊS LETRAS DE MÃE TEM TANTO AMOR
QUE NÃO HÁ QUEM CONSIGA DESCREVER.

RS – É a mãe preparada pra amar
Disso não há ninguém que desconfie
Ela sopra o mingau até que esfrie
Pra criança beber sem se queimar
No período invernoso se esfriar
Ela põe o lençol pra proteger
Mas não deixa seu filho padecer
Por excesso de frio ou de calor
NAS TRÊS LETRAS DE MÃE TEM TANTO AMOR
QUE NÃO HÁ QUEM CONSIGA DESCREVER.

JB – O bebê é cercado de energia
De amor na entranha maternal
E através do cordão umbilical
Se alimenta no ventre a cada dia
Sua vida no mundo se inicia
Logo após a placenta se romper
Mas pra o ser desligar-se de outro ser
O cordão leva o corte do doutor
NAS TRÊS LETRAS DE MÃE TEM TANTO AMOR
QUE NÃO HÁ QUEM CONSIGA DESCREVER.

RS – Até ótimo pra mãe não é conceito
Da família e do mundo ela é o centro
Se deforma por fora, mas por dentro
Gera o filho no ventre sem defeito
O que mãe tem de amor dentro do peito
Não existe palavra pra dizer
Nem há número nenhum que possa ser
Comparado de longe ao seu labor
NAS TRÊS LETRAS DE MÃE TEM TANTO AMOR
QUE NÃO HÁ QUEM CONSIGA DESCREVER.

JB – Nas três letras podemos confirmar
(M) é muro de paz e proteção
(A) de amor, de alegria, de atenção
(E) de ensino, de exemplo, de educar
Mãe é sílaba que dá pra superar
Toda biblioteca se eu for ler
E em qualquer idioma dá pra ver
Que seu nome é tão puro quanto a flor
NAS TRÊS LETRAS DE MÃE TEM TANTO AMOR
QUE NÃO HÁ QUEM CONSIGA DESCREVER.

Raulino Silva e Jonas Bezerra.
Vídeo com o mote.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

IRACEMA: DE UM ROMANCE TÃO BONITO COMEÇOU MEU CEARÁ.

IRACEMA: DE UM ROMANCE TÃO BONITO COMEÇOU MEU CEARÁ


No carnaval de 2017, a escola de samba Beija-Flor de Nilópolis abordou em seu enredo o romance "Iracema", do cearense José de Alencar. Uma merecida e bela homenagem da Beija-Flor a um dos clássicos romances nacionais, a um dos maiores escritores de todos os tempos e à terra alencarina (terra de Alencar, o Ceará).

Abaixo, seguem a letra e o vídeo com o samba-enredo:

"A VIRGEM DOS LÁBIOS DE MEL – IRACEMA"

Compositores: Claudemir, Maurição, Ronaldo Barcellos, Bruno Ribas, Fábio Alemão, Wilson Tatá, Alan Vinicius e Betinho Santos.


A jandaia cantou no alto da palmeira
no nome de Iracema
lábio de mel, riso mais doce que o jati
linda demais cunhã-porã itereí
vou cantar juremê, juremê, juremê
vou cantar jurema, jurema
uma história de amor, meu amor
é o carnaval da Beija-flor.

Araquém bateu no chão
a aldeia toda estremeceu
o ódio de Irapuã
quando a virgem de Tupã se encantou com o europeu
nessa casa de caboclo hoje é dia de ajucá
duas tribos em conflito
de um romance tão bonito começou meu Ceará.

Pega no amerê, areté, anamá
pega no amerê, areté, anamá.

Bem no coração dessa nossa terra
a menina moça e o homem de guerra
ele sente a flecha, ela acerta o alvo
índia na floresta, branco apaixonado
vem pra minha aldeia, beija-flor
tabajara, pitiguara bate forte o tambor
um chamado de guerra, minha tribo chegou
reclamando a pureza da pele vermelha
no ventre bate o coração de Moacir
o milagre da vida, me faz um mameluco na Sapucaí
oh linda Iracema morreu de saudade
mulher brasileira de tanta coragem
um raio de sol a luz do meu dia
iluminada nessa minha fantasia

A jandaia cantou no alto da palmeira
no nome de Iracema
lábio de mel, riso mais doce que o jati
linda demais cunhã-porã itereí
vou cantar juremê, juremê, juremê
vou cantar jurema, jurema
uma história de amor, meu amor
é o carnaval da Beija-flor.


Uma das capas das edições de Iracema.
Escritor cearense José de Alencar.
Estátua alusiva a Iracema, na Praia de Iracema, em Fortaleza/CE.




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

30 ANOS DE SAMBÓDROMO: NÃO DÁ PARA OMITIR O NOME DE BRIZOLA.

30 ANOS DO SAMBÓDROMO DO RIO: NÃO DÁ PARA OMITIR O NOME DE BRIZOLA



(João Álcimo Viana Lima, em 9/3/2014).

Sobre os 30 anos da inauguração do Sambódromo, no Rio de Janeiro (RJ), o Sistema Globo, através do portal G1, disse, em 25/2/2014, que a obra se trata de projeto de Oscar Niemeyer e ideia do Darcy Ribeiro. Mas, não falou que referido equipamento público (hoje tão destacado por sua relevância pelas Organizações Globo), foi executado pelo governador Leonel Brizola, em sua primeira gestão à frente do governo fluminense.
Em 1983/84, o Sistema Globo fez ostensiva oposição à construção do Sambódromo, ridicularizando a ousadia e o projeto do governador da época. O jornal O Globo chegou ao ponto de em charge, publicada em 3/3/1984, comparar Brizola a Odorico Paraguassu, personagem criado pelo dramaturgo Dias Gomes. Hoje, o então projetado "cemitério", na metáfora e na sátira da equipe de Roberto Marinho, está sendo definido, pelo mesmo jornal, como o "maior palco do carnaval no planeta". Mas, em vez de se retratar da oposição raivosa e parcial, dessa vez omite ou cita somente de forma indireta e na condição de mero coadjuvante, o nome de seu construtor: Leonel Brizola.
Parece que após 10 anos de sua morte, Brizola continua a fazer medo às Organizações Globo. A omissão de seu nome quando se fala da construção e da história do Sambódromo é um grande absurdo. Guardadas as devidas proporções, imaginemos falar da história de Brasília sem fazer referências ao presidente Juscelino Kubitschek.
Concordo plenamente com jornalista e ex-assessor de Brizola, Fernando Brito, que vivenciou "essa peleja". 30 anos depois, Brito tem a convicção de que "não haverá no mundo [...] engenheiro capaz de transformar sonho em realidade se não houver a massa etérea do sonho como matéria - prima do concreto". Viva o Sambódromo, sonhado e materializado por Leonel Brizola.
Charge do jornal O Globo, comparando Brizola ao folclórico personagem Odorico Paraguassu.
Governador Brizola inaugurando o Sambódromo, em 1984.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

MARCHINHAS DE CARNAVAL.

MARCHINHAS DE CARNAVAL


Neste carnaval, relembro célebres marchinhas, que, com letras breves e excelentes ritmos, há várias gerações são ouvidas e cantadas. Celebrizaram-se e eternizaram-se!

Allah-la-ô”, de Haroldo Lobo e Nássara (1940), é um dos exemplos. Quem não conhece? "Allah-lá-ô, ô ô ô / Mas que calor, ô ô ô ô / Atravessamos o deserto do Saara / O sol estava quente / Queimou a nossa cara".

Outra que se eternizou como marchinha carnavalesca foi a música “Cachaça”, de Mirabeau Pinheiro, Lúcio de Castro e Heber Lobato, composta em 1953. "Você pensa que cachaça é água / Cachaça não é água não / Cachaça vem do alambique / E água vem do ribeirão".

Aurora”, de Mário Lago e Roberto Roberti (1940), é outra pérola: "Se você fosse sincera / Ô ô ô ô Aurora / Veja só que bom que era / Ô ô ô ô Aurora."

E a “Cabeleira do Zezé”, de João Roberto Kelly e Roberto Faissal (1963)? Outra, eternizada. "Olha a cabeleira do Zezé / Será que ele é / Será que ele é."

Da grande Chiquinha Gonzaga (1899), temos “Ô abre alas”: Ô abre alas que eu quero passar / Ô abre alas que eu quero passar / Eu sou da lira não posso negar".

Jardineira”, de Benedito Lacerda e Humberto Porto (1938), é demais! "Ó jardineira por que estás tão triste / Mas o que foi que te aconteceu?".

Esta canto com meus filhos: “Ô balancê”, de Braguinha e Alberto Ribeiro (1936). "Ô balancê balancê / Quero dançar com você / Entra na roda morena pra ver".

Linda Morena”, de Lamartine Babo (1932): "Linda morena, morena / Morena que me faz penar / A lua cheia que tanto brilha / Não brilha tanto quanto o teu olhar".

Outra conhecida de todos nós: “Mamãe eu quero”, de Jararaca e Vicente Paiva (1936). “Mamãe eu quero, mamãe eu quero / Mamãe eu quero mamar / Dá a chupeta, dá a chupeta / Dá a chupeta pro bebê não chorar".

Me dá um dinheiro aí”, de Ivan Ferreira, Homero Ferreira e Glauco Ferreira (1959): "Ei, você aí! / Me dá um dinheiro aí / Me dá um dinheiro aí".

Concluo a citação de marchinhas, com “Saca-rolha”, de Zé da Zilda, Zilda do Zé e Waldir Machado (1953). “As águas vão rolar / Garrafa cheia eu não quero ver sobrar / Eu passo mão na saca saca saca rolha / E bebo até me afogar / Deixa as águas rolar”.

Na sequência: Mário Lago, Chiquinha Gonzaga e Benedito Lacerda.