terça-feira, 30 de julho de 2019

CECITEC: CONQUISTA E TRAJETÓRIA EM PROL DO FORTALECIMENTO DOS INHAMUNS.

CECITEC: CONQUISTA E TRAJETÓRIA EM PROL DO FORTALECIMENTO DOS INHAMUNS.


(Discurso proferido por João Álcimo Viana Lima na solenidade de transmissão do cargo de diretor do CECITEC, em Tauá, em 31 de julho de 1999).


A importância da política de interiorização da UECE

Em agosto de 1994, concluí o curso de História pela Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central, em Quixadá. Sete meses depois, tive o privilégio de concorrer ao Concurso de Provas e Títulos que visava formar a primeira equipe docente do CECITEC. Felizmente, obtive êxito. Mas essa conquista pessoal só foi possível graças ao processo de interiorização de nossa Universidade Estadual do Ceará. Como interiorano nato, obtive minha formação acadêmica na faculdade instalada em minha microrregião natal. E eis que, em março de 1995, após a divulgação do resultado do referido concurso, refleti e com muita emoção passei a perceber que a minha aprovação ia além de uma realização individual e que se configurava como um resultado positivo da política de interiorização ueceana.
Para minha surpresa, recebi o convite do então Magnífico Reitor – filho do vizinho Município de Arneiroz -, Prof. Paulo de Melo Jorge Filho, para vir iniciar os trabalhos do Centro de Educação, Ciências e Tecnologia da Região dos Inhamuns. O caminho já estava delineado: os cursos de Ciências e Pedagogia tinham sido autorizados pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão; o Centro estava com prédio próprio; oitenta e nove alunos já tinham sido aprovados em concurso vestibular, treze professores aprovados aguardavam ansiosamente pela homologação do concurso. Porém, as atividades precisavam começar. E para tal, aceitei a incumbência, mantendo firme o compromisso de cooperar com a interiorização universitária e ciente de que com as atribuições às quais acabara de investir-me, teria que, através do CECITEC, criar mecanismos que resultassem em oportunidades reais para a população dos Inhamuns.

A fase inicial do CECITEC

Posso dividir a história do CECITEC, nesse primeiro quadriênio de existência, em quatro fases. A primeira corresponde de 7 de junho de 1995, quando iniciamos as suas atividades administrativas, até o final do referido ano. Se o propósito era iniciar o seu funcionamento, reuni imediatamente os funcionários colocados à disposição pelo Governo do Estado e pela Prefeitura Municipal. Em 19 de junho, os primeiros vestibulandos aprovados nos Inhamuns puderam, enfim, afirmar que estavam usufruindo, com mérito – diga-se de passagem – do direito de serem estudantes universitários. Mas muitos desafios estavam postos à nossa frente, tais como: a contratação dos professores concursados; a adaptação da estrutura do prédio em uma academia; divulgar, dar feição e buscar apoio ao CECITEC. Em julho, todos os professores foram concursados, inclusive os que ficaram em segunda colocação; as instalações físicas foram improvisadas, pois isso se fazia necessário naquele momento; e a direção contou, desde o início, com a adesão da comunidade discente, que se integrou no processo de fortalecimento deste Centro.

A fase de afirmação do Centro

A segunda fase corresponde ao ano de 1996, e denomino-a de fase de afirmação. Nesse período, foi realizado o segundo vestibular; o planejamento estratégico foi elaborado com uma grande participação dos segmentos da sociedade do Sertão dos Inhamuns; buscou-se a aprovação dos projetos dos cursos de graduação, com a redefinição de suas grades curriculares; a Biblioteca começou a ser instalada; na área extensionista, o Centro despontou com o Núcleo de Informática e com a oferta de cursos voltados para o setor agropecuário, buscando sintonizar-se com a vocação econômica desta microrregião; as salas de aula começaram a ser construídas; materiais permanentes reivindicados começaram a chegar para suprir parte de nossas necessidades administrativas e acadêmicas; os alunos despontaram fora do Estado, contribuindo significativamente para o Programa Universidade Solidária; os Centros Acadêmicos foram criados; temas relevantes passaram a ser tratados no ambiente do CECITEC.

A fase de expansão do CECITEC

Os anos de 1997 e 98 podem ser analisados como a fase da expansão das atividades do CECITEC. Novos alunos ingressaram nos cursos de graduação, ocasionando a carência de mais professores, funcionários e de sala de aula; além disso, as turmas pioneiras, que já haviam vencido o momento mais difícil, direcionaram-se para a conclusão de seus cursos. No setor extensionista, inúmeros cursos foram ministrados com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador; implantou-se o Núcleo de Línguas Estrangeiras. O Centro Vocacional Tecnológico (CVT), no âmbito dos programas da Secretaria da Ciência e Tecnologia, foi instalado nas dependências deste campus, com seis modernos laboratórios: biologia, física, química, informática, eletromecânica e fitoterapia; foi realizado o Pró-Ciências, capacitando 79 professores oriundos de 13 municípios, nas áreas de ciências e da matemática, com experiências laboratoriais. Foi instalado um curso de pós-graduação lato sensu. Mesmo que timidamente, avançou-se na área de pesquisa, com a aprovação e o desenvolvimento de trabalhos de iniciação científica. Municípios da microrregião (Aiuaba, Parambu e Tauá), implantaram cursos de licenciatura breve para qualificar seus professores em nível superior. O Centro foi convidado para integrar comitês e conselhos de importância para os Inhamuns. Tauá sediou os X Jogos Universitários da UECE, recepcionando aproximadamente 500 acadêmicos de todo Estado. Os Festivais de Cultura Popular passaram a figurar no calendário anual do CECITEC. As palestras, os seminários, os debates e eventos de outras instituições passaram a acontecer cada vez mais frequentes em nossas dependências.

O CECITEC no estágio de sua consolidação

Entendo que a partir de 1999, o CECITEC alcançou o seu quarto estágio, que o denomino de fase da consolidação. E chegarmos a essa pretensão só foi possível porque superamos as dificuldades para avançar na caminhada. Temos que pensar em consolidação! Ora, já foram formados 60 profissionais, que imediatamente estão dando o retorno aos Inhamuns, pois mais de 80% deles estão atuando no magistério desta microrregião, inclusive uma profissional que aqui se formou é nossa professora bolsista. São 60 profissionais, e consequentemente, 60 trabalhos monográficos construídos nesta casa. Temos, por conseguinte, uma clientela em potencial para a implantação de um novo curso de pós-graduação. Mas devido a nossa expansão, temos pleitos que requerem urgência. Identifico, dentre eles, a construção de um espaço mais apropriado para a nossa Biblioteca Setorial e a ampliação do nosso Núcleo de Informática para melhor atendermos à comunidade acadêmica, cujos projetos já foram entregues à Administração Superior da UECE; a ampliação de nossa estrutura física, sendo que seu projeto arquitetônico já foi elaborado pela antiga Superintendência de Obras do Ceará; o reconhecimento dos cursos de graduação, junto ao Conselho de Educação do Ceará, cujos processos encontram-se em tramitação.

CECITEC – apoio e parcerias: agradecimentos pessoais

Percebemos, pois, que a Universidade é dinâmica e nos tempos hodiernos, é absolutamente imprescindível um “campus universitário” em qualquer microrregião estadual. E o CECITEC não é de responsabilidade apenas do Governo do Estado e da UECE. Ele como unidade que socializa o conhecimento, através do ensino, da pesquisa e da extensão, necessita de parcerias com prefeituras que compõem esta microrregião e com todos os segmentos organizados. Felizmente, essa parceria, academia e comunidade, é algo visível nos Inhamuns. Expresso categoricamente: o povo inhamunhense é deveras receptivo, tem potencial e sabe absorver e apoiar os investimentos positivos que aqui são feitos.
Quero, neste momento em que estou deixando a direção deste Centro, agradecer a todos que direta e indiretamente contribuíram para a implantação deste Campus e para com o meu mandato de Diretor. Agradeço àquelas pessoas que espontaneamente, quando o CECITEC estava apenas idealizado, fizeram parte do grupo de apoio, que foi coordenado pela senhora Maria Dolores de Andrade Feitosa. Enalteço o espírito público de três lideranças fundamentais para a efetivação dessa conquista: falo do ex-governador Ciro Gomes, do então deputado Júlio Rego e do ex-reitor Paulo Petrola, que confiou em meu trabalho e me apoiou decisivamente no início dessa campanha. Agradeço ao meu ex-professor e meu ex-diretor de Faculdade, Prof. Artur Pinheiro, que foi quem me indicou ao então reitor. Agradeço a atual Administração Superior e Intermediária da UECE, incluindo todos os diretores administrativos e pró-reitores; bem como ao Magnífico Reitor, Prof. Dr. Manassés Claudino Fonteles e ao Vice-Reitor, Prof. Francisco de Assis Moura Araripe, homem que conhece profundamente a nossa Universidade e que se dedica inteiramente à causa interiorana. Agradeço aos nossos competentes professores, responsáveis maiores pelo êxito adquirido deste Centro; aos grandes profissionais do CVT, que contribuem sobremaneira para o engrandecimento de nossas atividades; aos nossos valorosos universitários, que fortalecem este Centro, tanto por suas competências individuais, como pelo espírito de coletividade, de integração e de carinho. Hoje, temos alunos e ex-alunos, mas todos explicitam gratidão e reconhecem a importância do CECITEC. Sou eternamente grato aos nossos tão dedicados servidores. Destaco o apoio e a atenção das autoridades políticas, incluindo os deputados vinculados a esta microrregião, os prefeitos, vereadores, bem como de instituições públicas, instituições não governamentais, empresas privadas e de profissionais autônomos. Ressalto o imprescindível apoio da imprensa, que desde o início de nossas ações, de forma gentil, concedeu-nos espaço para divulgarmos o CECITEC, dando provas de compromisso para com o desenvolvimento local. Agradeço, enfim, aos filhos de Tauá e dos Inhamuns, que sempre olharam para esta instituição, com respeito, como é o exemplo do Movimento Pró-Colônia Tauaense.
Agradeço, por fim, a Deus, o Grande Arquiteto do Universo, a quem, conforme minha crença, devo inclusive o fato de ter vindo a Tauá e de ter me associado a um povo tão hospitaleiro.

O otimismo como estilo de trabalho e a valorização do caráter: em tom de despedidas

É bom que fique bem claro: estou deixando a direção do CECITEC, mas não estou saindo do CECITEC. Em absoluto. Sou profissional da UECE, com lotação neste Centro, a quem tenho um imensurável respeito. Respeito este também devotado aos Inhamuns e a Tauá, de quem me tornei seu filho com muita honra, graças ao título de cidadania, conferido pelos dignos parlamentares deste município. Não sei se exerci minhas atribuições de diretor a contento. Mas, tentei honrar o cargo que me foi confiado. Busquei empreender um estilo com otimismo, onde as lamentações cederam espaço à busca de resoluções dos problemas. Quanto à minha conduta, todos podem dar o seu testemunho – Reitor, Vice-Reitor, professores, alunos, funcionários, autoridades, amigos etc. Jamais os procurei, no sentido de denegrir esta ou aquela pessoa; jamais os procurei, tentando disseminar discórdia ou buscando algum proveito pessoal; Quando os procurei, tentei sempre explicitar o meu objetivo: conseguir algo em prol do crescimento do CECITEC. Entendo que acima do profissional, está o caráter da pessoa.
Saio feliz da direção do CECITEC, haja vista o clima de total normalidade que acontece neste processo de transição, bem como pelo fato de ter como minha substituta, uma profissional competente e extremamente comprometida com a educação e com a causa pública, a minha amiga, professora Marbênia Gonçalves de Almeida Bastos. E à Marbênia, dirijo-lhe sinceros votos de uma gestão profícua, reforçando o meu posicionamento de apoiá-la na trajetória de crescimento desta instituição.
 Corroborando o pensamento de Albert Einstein, transcrito no convite dos concludentes do semestre 1999.1, afirmo que “não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina utilizável, mas não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto”.
Muito obrigado a todos. Viva o CECITEC!

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