sexta-feira, 29 de novembro de 2013

AURÉLIO LOIOLA: LEMBRANÇA DE SUAS ACONTECÊNCIAS.


Capa da edição especial (2013).
Nesta semana, recebi do presidente da Academia Tauaense de Letras, Paulo de Tarso Bezerra Gomes, uma correspondência com alguns exemplares do jornal Acontecências, que foi editado durante 40 anos pelo escritor Aurélio Rodrigues de Loiola, falecido em abril deste ano. Trata-se de uma edição especial, carinhosamente organizada por sua esposa, a professora Gena Loiola, a quem agradeço a deferência de me enviá-la.  

A edição especial do Acontecências é um tributo a esse grande homem, com mensagens de familiares, amigos e admiradores. Aurélio, ou Professor Loiola, foi por natureza um diplomata, que conciliou intelectualidade com humildade, a erudição com o popular, a literatura com a fé e tradição com modernidade. Aurélio fez de sua capacidade literária e de suas poesias e poemas, instrumentos de vida, paz, amor, espiritualidade e de enaltecimento a sua terra natal.


João Álcimo, Elizângela Viana, Aurélio e Gena Loiola (2009).
Aurélio foi um estadista, que permaneceu bairrista; um poliglota, que nunca deixou de falar o vocabulário do Sítio Coroá e de Bezerros (seu berço natal, em Tauá/Ceará); um homem que viajou bastante (Américas, Europa e Ásia), mas que nunca abandonou a devoção à Santa do Rosário e que jamais “enxugou” os pés das águas do rio Trici. Valorizando a comunicação, ao estilo tradicional, Aurélio tinha em sua mala direta cerca de 400 endereços, para quem escrevia mensalmente.


Sampaio Moreira, João Álcimo, Radir Rocha e Aurélio Loiola  (1997).
Em Paulista/Pernambuco, mais precisamente na Praia de Maria Farinha (seu berço por adoção e, também, predileto), o poeta montou sua "embaixada", tendo como missão a propagação de Tauá, por intermédio das letras, consubstanciadas em 14 livros publicados, no jornal cultural Acontecências e em outras diversas publicações. De fato, como expressa este mote em decassílabo: COM AURÉLIO A CULTURA TAUAENSE / ULTRAPASSA AS FRONTEIRAS DE TAUÁ. 

Sem suas frequentes correspondências e seu fraternal periódico, fica um enorme vazio de cultura, alegria e camaradagem. Como alento, fica a doce lembrança de seus contatos diretos e de suas ACONTECÊNCIAS.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

POEMA E CRÔNICA A NILTON SANTOS, A ENCICLOPÉDIA DO FUTEBOL.

No dia do falecimento de Nilton Santos (1925-2013), o maior lateral esquerdo brasileiro de todos os tempos e bicampeão mundial em 1958 e 62, transcrevemos essa homenagem do saudoso cronista e jornalista Armando Nogueira:



Poema e crônica a Nilton Santos.

(Armando Nogueira)


Tu, em campo,
parecias tantos,
E, no entanto,
que encanto!
Eras um só;
Nílton Santos.


Era um amistoso na cidade do México: Botafogo x River Plate. Garrincha estava estraçalhando o beque Vairo. Nestor Rossi, o maestro da seleção argentina, chamou o lateral do River e aconselhou:
 
- Quer melhorar teu futebol? Então faz o seguinte: aquele ali é o Nílton Santos, beque esquerdo como você. Vai lá perto, disfarça e passa a mão na perna dele. Só isso. Passa a mão que naqueles pés está o futebol de todos os beques do mundo.

 
Pés que jamais deram um bico na bola; reflexos que jamais foram traídos pelos efeitos de uma bola; atleta de equilíbrio assombroso, que jamais caiu no campo, a não ser derrubado. 


Nílton Santos, craque extraordinário que encarnou a prefiguração de toda a evolução tática do futebol moderno. Craque que viveu no campo duas faces de uma equipe, porque sendo zagueiro sempre teve alma e audácia de atacante.


Nasceu com o talento de fazer gols e acabou glorificado pela arte de evitá-los.

Gomes de Freitas e o manto protetor das terras de Tauá e Inhamuns.

No livro "Inhamuns (Terra e Homens)", publicado, em 1972, pela Editora Henriqueta Galeno,  o escritor e deputado Antônio Gomes de Freitas escreveu o seguinte:

Infelizmente a inconsequência dos homens vem acabando o manto protetor da terra. A devastação das matas desfiguram fisionomicamente a região, rouba-lhe as essências vegetais que não mais tornarão. É desolador o aspecto das terras devastadas. Uma vegetação rasteira, sem maior utilidade econômica, e, aqui e acolá, o esqueleto de uma árvore de grande porte que o fogo não conseguiu transformar em cinzas.


Hoje, após 41 anos da publicação de Antonio Gomes de Freitas, como está a "fisionomia" de Tauá e da Região dos Inhamuns? Como estamos tratando o "manto protetor da terra"? 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

TAUÁ DE JOAQUIM PIMENTA.


“Dias que se sucediam, todos iguais. Pela manhã, banho no rio, com água pela cintura; o copo de leite, no curral; o café, o cuscuz de milho. Almoço às dez horas. Até o jantar, às três, quase ninguém na rua, porque o sol estava de rachar. No mercado, em cada loja (estabelecimento comercial de tecidos e objetos de adorno) o dono cochilando com a cabeça sobre o balcão ou jogando bisca com o vizinho, e um ou outra sujeito, perto, calado, de mão no queixo, espiando o jogo”.


Essa descrição da cidade de Tauá foi feita pelo renomado professor, jurista e jornalista tauaense Joaquim Pimenta (1886-1963), no livro Retalhos do passado, publicado pela Livraria Editora Freitas Bastos, em 1945. Ressalte-se que em 1904 Joaquim Pimenta foi estudar em Fortaleza e, conforme está relatado na referida obra, ele retornou a Tauá, em visita, no ano de 1909.

Mais de um século após o tempo narrado por Joaquim Pimenta, que descrição podemos fazer do cotidiano atual da cidade tauaense?