“Não venha para Fortaleza!”. Esta frase, com algumas variações de palavras, foi ouvida por mim (que moro em Tauá), no último dia 3, por meio de interlocutores que residem na Capital cearense. A motivação para a orientação foi decorrente da paralização das atividades dos policiais militares, deflagrada em 29/12/2011.
Em torno do lamentável episódio, ouvimos muito, de um lado, acerca da inconstitucionalidade do movimento (cf. §5º do art. 42 da Constituição Federal) e, do outro, sobre a necessidade de diálogo entre governo e categoria, haja vista que antigas reivindicações dos policiais militares e bombeiros não estavam recebendo a atenção necessária.
O fato é que, mesmo sendo inconstitucional, o movimento dos PM’s e bombeiros conseguiu uma grande adesão de seus profissionais em praticamente todo o Estado. Apesar do reforço de tropas federais, o clima de insegurança, principalmente em Fortaleza, foi absoluto. A esse respeito, o jornalista Fábio Campos, no jornal O Povo, de 5/1/2011, disse o seguinte: “Chocada, a população se comportou como se houvesse um ‘toque de recolher’. Em plena alta estação, boa parte do comércio, restaurantes e demais serviços fechados. Clima tenso nas ruas. Temor generalizado. Um duro golpe na ordem pública e na economia”.
Com a situação felizmente contornada, fico com o sentimento de que a sociedade e a democracia foram as grandes perdedoras em todo esse episódio. Não há como negar os riscos (e os precedentes a partir do Ceará) de greves, motins ou aquartelamentos com militares armados. Mas a pior evidência foi a iminência de barbárie. Em pouco tempo (a paralização durou seis dias), a população teve que aderir ao “toque de recolher”, por conta de bandos organizados e semiorganizados ou pessoas individualizadas (bandidas ou candidatas a tais) iniciarem um festival de “arrastões”, saques e assaltos (Cf. http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2012/01/03/com-greve-da-pm-violencia-aumenta-e-fortaleza-tem-arrastoes.jhtm).
Com a situação felizmente contornada, fico com o sentimento de que a sociedade e a democracia foram as grandes perdedoras em todo esse episódio. Não há como negar os riscos (e os precedentes a partir do Ceará) de greves, motins ou aquartelamentos com militares armados. Mas a pior evidência foi a iminência de barbárie. Em pouco tempo (a paralização durou seis dias), a população teve que aderir ao “toque de recolher”, por conta de bandos organizados e semiorganizados ou pessoas individualizadas (bandidas ou candidatas a tais) iniciarem um festival de “arrastões”, saques e assaltos (Cf. http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2012/01/03/com-greve-da-pm-violencia-aumenta-e-fortaleza-tem-arrastoes.jhtm).
Graciliano Ramos, em "Memórias do Cárcere", afirmou que “as circunstâncias nos agarram”. Mas, como é que pode, em meio às circunstâncias da ausência de policiais, tamanha rapidez e avidez de várias pessoas que estão à margem da lei e da sociedade? Se o entendimento entre Governo e PMs tivesse demorado mais alguns dias, como teriam ficado os órgãos públicos, os estabelecimentos privados, as residências, os serviços e o Estado?
Apesar dos avanços em nosso País, socialmente, nosso Estado de direito e democrático ainda precisa evoluir bastante. Torço para que outras circunstâncias, sob a ótica constitucional e sociocultural, possam nos “agarrar”, de forma a promover o bem-estar social.
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