quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

EDUCAÇÃO INTEGRAL: PARA ALÉM DO MAIS EDUCAÇÃO.

EDUCAÇÃO INTEGRAL: PARA ALÉM DO MAIS EDUCAÇÃO


(João Álcimo Viana Lima, em dezembro/2011)

O Ministério da Educação (MEC) tem propagado a relevância dos sistemas de ensino implantarem a educação em tempo integral. No "Portal do Professor", por exemplo, é feita uma alusão à proposta de Anísio Teixeira e à escola por ele idealizada na Bahia, em 1950: o Centro Educacional Carneiro Ribeiro.

Em meio à concepção e aos esforços empreendidos, o programa Mais Educação, implantado em 2008, tem sido, na prática, a referência do MEC para a expansão da educação em tempo integral. É louvável a iniciativa e o investimento, na medida em que, conforme o próprio MEC (em texto publicado do "portal do professor"), são ampliados "espaços, tempos e oportunidades educativas", bem como são ofertadas "novas atividades educacionais", com fins de "reduzir a evasão, a repetência e distorções de idade-série, por meio de ações culturais, educativas, esportivas, de educação ambiental, de educação em direitos humanos e de lazer". 

O Mais Educação prevê a realização de atividades no contraturno das aulas convencionais, com tempo de três horas diárias. Em que pese à relevância destacada, referido programa, que amplia a jornada escolar, é insuficiente para o cumprimento de uma educação escolar efetivamente em tempo integral.

O mais grave é que para efeito de financiamento, uma escola que funciona 10 horas ininterruptamente é equiparada, pelo FNDE,  àquelas que oferecem atividades aos seus alunos no contraturno, sem a obrigação de servir almoço e de contratar profissionais para o turno intermediário.

Para muito mais além do Mais Educação ou outro programa de atividades complementares, a educação em tempo integral requer um aporte maior de recursos financeiros, sem deixar de levar em conta o tempo real trabalhado com os alunos.
Mais Educação: "Prevê atividades no contraturno das aulas convencionais".

O CRESCIMENTO DA EDUCAÇÃO TAUAENSE EM 2011.

O CRESCIMENTO DA EDUCAÇÃO TAUAENSE EM 2011


(João Álcimo Viana Lima, em dezembro/2011)

Em entrevistas concedidas a emissoras de rádio e em confraternização com os companheiros de trabalho, enfatizei que a palavra CRESCIMENTO era a que eu melhor definia para 2011 na área da educação, em Tauá.

O crescimento, a meu juízo, está evidenciado em muitas ações, dentre as quais destaco:

- na gestão, com a reordenação da rede (incluindo a nucleação de 34 escolas), a seleção de diretores e coordenadores pedagógicos, a criação do Colegiado dos Núcleos Gestores Escolares e a implantação do Programa de Formação dos Gestores Escolares (PROGET);
- na infraestrutura, com um amplo programa de reforma e ampliação de escolas, com a implantação de 76 laboratórios de informática e 10 salas de recursos multifuncionais (na perspectiva de ferramentas pedagógicas) e o início de funcionamento do Centro de Educação Infantil Profª Maria Gomes (em tempo integral);
- na valorização dos profissionais, a partir da ampliação das oportunidades de formação, agilidade nos processos de evolução funcional e o pagamento em dia e/ou antecipado dos salários, além de um 14º salário;
- no aspecto pedagógico, com o fortalecimento do acompanhamento diretamente nas escolas e com a realização processual de diagnósticos da aprendizagem, seguidos de intervenções necessárias. 

Ressalto, também, duas questões centrais para o crescimento de 2011: o equilíbrio financeiro e o planejamento como princípio norteador da gestão.

Após essa síntese, destaco a coragem e a determinação do prefeito Odilon Aguiar em tomar as iniciativas necessárias, que repercutiram favoravelmente no êxito da educação neste ano.

Por fim, agradeço a cada profissional da educação, incluindo todos os setores, todas as escolas e todas as funções, que, no cotidiano de 2011, fizeram e compartilharam as nossas inúmeras atividades. Conto com o trabalho e compromisso de todos para fazermos um 2012 com mais crescimento na educação de Tauá.

Um feliz 2012 para todos nós!

A GREVE DOS PMs E A IMINÊNCIA DE BABÁRIE.

A GREVE DOS PMs E A IMINÊNCIA DE BARBÁRIE


(João Álcimo Viana Lima, em janeiro/2011)
“Não venha para Fortaleza!”. Esta frase, com algumas variações de palavras, foi ouvida por mim (que moro em Tauá), no último dia 3, por meio de interlocutores que residem na Capital cearense. A motivação para a orientação foi decorrente da paralização das atividades dos policiais militares, deflagrada em 29/12/2010.

Em torno do lamentável episódio, ouvimos muito, de um lado, acerca da inconstitucionalidade do movimento (cf. §5º do art. 42 da Constituição Federal) e, do outro, sobre a necessidade de diálogo entre governo e categoria, haja vista que antigas reivindicações dos policiais militares e bombeiros não estavam recebendo a atenção necessária. 

O fato é que, mesmo sendo inconstitucional, o movimento dos PM’s e bombeiros conseguiu uma grande adesão de seus profissionais em praticamente todo o Estado. Apesar do reforço de tropas federais, o clima de insegurança, principalmente em Fortaleza, foi absoluto. A esse respeito, o jornalista Fábio Campos, no jornal O Povo, de 5/1/2011, disse o seguinte:“Chocada, a população se comportou como se houvesse um ‘toque de recolher’. Em plena alta estação, boa parte do comércio, restaurantes e demais serviços fechados. Clima tenso nas ruas. Temor generalizado. Um duro golpe na ordem pública e na economia”.

Com a situação felizmente contornada, fico com o sentimento de que a sociedade e a democracia foram as grandes perdedoras em todo esse episódio. Não há como negar os riscos (e os precedentes a partir do Ceará) de greves, motins ou aquartelamentos com militares armados. Mas a pior evidência foi a iminência de barbárie. Em pouco tempo (a paralização durou seis dias), a população teve que aderir ao “toque de recolher”, por conta de bandos organizados e semiorganizados ou pessoas individualizadas (bandidas ou candidatas a tais) iniciarem um festival de “arrastões”, saques e assaltos (Cf.http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2012/01/03/com-greve-da-pm-violencia-aumenta-e-fortaleza-tem-arrastoes.jhtm).  

Graciliano Ramos, em "Memórias do Cárcere", afirmou que “as circunstâncias nos agarram”. Mas, como é que pode, em meio às circunstâncias da ausência de policiais, tamanha rapidez e avidez de várias pessoas que estão à margem da lei e da sociedade? Se o entendimento entre Governo e PMs tivesse demorado mais alguns dias, como teriam ficado os órgãos públicos, os estabelecimentos privados, as residências, os serviços e o Estado? 

Apesar dos avanços em nosso País, socialmente, nosso Estado de direito e democrático ainda precisa evoluir bastante. Torço para que outras circunstâncias, sob a ótica constitucional e sociocultural, possam nos “agarrar”, de forma a promover o bem-estar social.

SEU LUNGA: A CONSTRUÇÃO DE UM PERSONAGEM POPLAR.

SEU LUNGA: A CONSTRUÇÃO DE UM PERSONAGEM POPULAR


(João Álcimo Viana Lima, em novembro/2014)


Joaquim dos Santos Rodrigues, o Calunga (na boca de uma ex-vizinha de Caririaçu, onde ele nasceu), ou simplesmente e totalmente o Lunga (e mais tarde, seu Lunga), que se mudou para Juazeiro do Norte aos 16 anos, fez-se um dos personagens mais populares do País.

Nascido em 1928, foi casado durante 63 anos com dona Carmelina, com quem teve treze filhos. Seu Lunga carregou as marcas do sertanejo agricultor e proprietário campesino (embora tenha vivido no ambiente citadino desde a adolescência), do devoto de Padre Cícero (sua grande referência de fé) e da severidade na formação e condução da família, algo herdado de seus ascendentes. Feito comerciante, dedicou seu cotidiano, durante muitos anos, à labuta em sua loja, inicialmente de cereais, até chegar ao ramo de sucatas e variedades. Mas, não foi seu trabalho na agricultura e comércio que o tornaram famoso. Sua fama foi decorrente da pecha de “abusado”, “afobado”, “bruto”, “mal humorado” ou “ignorante”.

O curioso é que ele sempre negou essa condição, embora admitindo que não gostava de perguntas bobas. Foi da espontaneidade de pessoas do seu convívio que a fama de “bruto” lhe foi imputada e se multiplicou alhures, popularizando-se e sendo difundida por pessoas fora de seus contatos e de seu alcance. Na difusão do Lunga, como homem de tolerância zero, entrou em cena o sarcasmo, com todas as doses de excesso, criação e estilo caricatural. A esse respeito, seu Lunga sentia-se extremamente injustiçado e ofendido, pois os casos relatados em torno de si e que fundamentaram e edificaram sua fama, segundo ele, são todos inverídicos. 

O certo é que, paulatinamente, o rótulo de ser o homem zangado de Juazeiro do Norte evoluiu para o título de “o homem mais bruto do mundo”. O que se tratava de relato espontâneo, passou a ser deliberadamente pauta de inúmeras reportagens de rádios, jornais e tevês, tema de dezenas de folhetos de cordel, objeto de estudo de trabalhos de pesquisa, conteúdo de livros, inspiração de personagem cênico, fonte para publicidade e atração cultural e turística de sua cidade.

Ao seu modo, Lunga reagiu à fama, que lhe chegou sem que a esperasse ou a desejasse, roubando-lhe a tranquilidade. Em várias oportunidades, revelou-se cético à sua importância e pelo fato de ele ser motivo de tanto assédio para entrevistas e fotografias. Mas, creio que, em seus últimos anos de vida, ele já assimilava (pelo menos, em parte) sua notoriedade. A partir dela é que foi revelada outra de suas facetas, a capacidade poética, com mensagens inerentes às suas origens, aos seus valores e ao seu imaginário. Com efeito, o poeta popular Lunga falou de boi mandingueiro, destino, mulher bonita, pessoas idosas, pássaros e de sua microrregião natal, o Cariri.

Dependendo de como lhe era feita a abordagem, sua receptividade podia ser elogiável. A propósito, nas vezes em que estive com alunos universitários, em aulas de campo, em Juazeiro do Norte, recebi solicitações para que, na terra do Padre Cícero, fôssemos ao encontro do seu Lunga. Na última vez, em dezembro de 2013, ele, ainda convalescente de uma cirurgia, atendeu-nos, na praça que fica defronte a sua residência, com muita cordialidade. Durante o encontro, valeram os vários cliques fotográficos.

Certamente, neste imenso Brasil, há outros “Lungas”, com dimensões psicossocial e cultural semelhantes às de Joaquim dos Santos Rodrigues. Contudo, por força de aspectos que fogem do padrão das razões objetivas, não ganharam o status de celebridade. O palco desse estrelato, seletivamente, ficou reservado para o seu Lunga do Cariri, com sua cearensidade e a despeito de seu imenso contragosto. 

Eu e seu Lunga.
Alunos de Pedagogia da UECE com seu Lunga.

ARTIGOS.

Prezados(as),

Farei a postagem de alguns artigos escritos por mim em momentos anteriores.

Abraço!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

"A COISA MAIS LINDA QUE EU TENHO", DE JOÃO ÁLCIMO VIANA.

A COISA MAIS LINDA QUE EU TENHO


(João Álcimo Viana)


Teu sorriso é o retrato da beleza,
Os teus olhos, sinônimo de alegria;
Tuas mãos simbolizam gentileza,
Tua boca transmite simpatia.

Os teus seios cintilam de viveza,
Teus cabelos têm tom que alumia;
Os teus pés carinhosos dão certeza
Que teu corpo é a síntese da magia.

És mulher que tem sensibilidade,
Teu caráter realça integridade,
Teu trabalho é florido com empenho.

Tu és “rosa” sob o som de Pixinguinha,
“Infinita” com o aval do “Poetinha”,
És a coisa mais linda que eu tenho!


João Álcimo Viana

"IGUAL-DESIGUAL", DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE.

IGUAL-DESIGUAL

(Carlos Drummond de Andrade)

Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são
iguais.
Todos os partidos políticos
são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda
são iguais.
Todas as experiências de sexo
são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais
e todos, todos
os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.
Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou
[coisa.
Não é igual a nada.
Todo ser humano é um estranho
ímpar.


Carlos Drummond de Andrade