terça-feira, 1 de julho de 2014
segunda-feira, 30 de junho de 2014
quinta-feira, 26 de junho de 2014
A MORDIDA DE SUÁREZ SOB A ÓTICA DE NELSON RODRIGUES. | Professor João Álcimo
A MORDIDA DE SUÁREZ SOB A ÓTICA DE NELSON RODRIGUES.
(João Álcimo Viana Lima, em 26/6/2014).
O jornal O Povo, na
edição de 22/6/2014, publicou instigante matéria com o título “Uma Copa do
Mundo rodrigueana”, assinada pelo jornalista Henrique Araújo e colaboração de
Erico Firmo. Segundo estes: “A onipresença do anjo pornográfico [Nelson
Rodrigues] é o certificado de que esta não é a Copa de Balotelli, Cristiano
Ronaldo, Messi, Robben, Campbell ou Neymar. Imponderável, passional e cheia de
excessos, esta é a Copa de Nelson”.
Conforme a
reportagem, “jogadas como o peixinho de Van Persie e a cabeçada de Suárez não
têm outra interpretação senão a de que uma nuvem de paranormalidade estacionou
sobre o Brasil desde o dia 12 de junho”. Além disso, questiona-se: “Como
explicar que a seleção chilena tenha despachado, no maior palco do futebol
mundial, o Maracanã, a majestosa Espanha, encerrando não apenas a dinastia
“tiki-taka”, responsável por tantas conquistas, mas levando a torcida a
despejar vaias e olés?”
Com dez dias do
evento máximo do futebol, Henrique Rodrigues e Erico Firmo destacaram que as
profecias, as máximas e os adjetivos rodrigueanos estavam norteando (ou
desnorteando) a Copa do Mundo 2014. Contudo, dois dias após a reportagem, a
presença do “Anjo pornográfico” em gramados brasileiros (e fora dele),
revelou-se com mais clarividência e contundência. A revelação teve o uruguaio
Luis Suárez, como o ungido, o algoz e a vítima, ao mesmo tempo.
Num contexto que
envolve "heroísmo" e "dramaticidade", o cara que se
recuperou de uma cirurgia realizada nos meniscos, no final de maio deste ano,
assistiu do banco de reservas a Celeste perder de 3x1 para o azarão Costa Rica.
No jogo seguinte, como titular, fez os dois gols na dramática vitória de 2x1
contra a Inglaterra. Um dos gols – o de cabeça – teve semelhança com o 2º gol
de Pelé e o último do Brasil, na vitória de 5x2 sobre a Suécia, na final da
Copa de 1958.
Em 24 de junho, na
batalha de Natal, entre duas seleções campeãs do mundo, que lutavam pela 2ª
vaga do grupo D, haja vista que a seleção costarriquenha já havia se
classificado, para as oitavas de final, com uma rodada de antecedência, Suárez
conseguiu, a um só tempo, a "glória" e a "delinquência".
Uruguai venceu a Itália por 1x0, com um gol aos 36 do 2º tempo, mas ele (o mais
festejado e temido), resolveu mostrar a artilharia de sua arcada dentária, aplicando
uma mordida no zagueiro italiano Chiellini. O árbitro não viu a grotesca cena,
mas após o jogo, a imprensa e a FIFA foram implacáveis com o goleador uruguaio,
que foi suspenso por nove jogos e ficou de fora do restante deste Mundial.
Com um episódio e
um desfecho desses, só mesmo recorrendo ao ardoroso torcedor do Fluminense e
que via no Brasil uma “pátria de chuteiras”, a cada entrada da seleção
brasileira em campo. Na crônica “O divino delinquente”, publicada no jornal O
Globo, em 18/11/1963, Nelson Rodrigues fez a defesa do atacante Almir
Pernambuquinho, do Santos, que na vitória de 1x0 sobre o Milan, acertou uma
botinada no brasileiro Amarildo (campeão do mundo em 1962) e cavou o pênalti,
convertido em gol (o único da partida) pelo lateral Dalmo. O Santos se sagrou
bicampeão mundial de clubes, mas Almir foi criticado pela imprensa por seus
lances violentos contra jogadores do clube italiano.
Abaixo, transcrevo
alguns trechos da referida crônica, com grifos meus em negrito:
- “A mais
sórdida pelada é de uma complexidade shakespeariana. Às vezes, num corner
mal ou bem batido, há um toque evidentíssimo do sobrenatural.”
- “O match Chile x
Itália, em 62, foi canibalesco. Os adversários só faltavam chupar as carótidas
uns dos outros. Em 58, no match Suécia x Alemanha, os 22 jogadores
agrediram-se a dentadas. Nós é que vamos exigir, de um jogo de futebol, a
cerimônia, a polidez, a correção de uma sessão da Câmara dos Comuns?”
- “Mas há o ser
humano por trás da bola, e digo mais: — a bola é um reles, um ínfimo, um
ridículo detalhe. O que procuramos no futebol é o drama, é a tragédia, é o
horror, é a compaixão.”
- [Sobre o
Santos] “Nenhuma equipe terrena pode jogar tanto sem se morrer.” [Dá
para aplicar a frase à seleção uruguaia?]
Resumindo: No
contraponto das críticas, Nelson Rodrigues adicionou o adjetivo “divino” para
definir a suposta "delinquência" de Almir.
Imaginemos, se vivo
fosse, como seria a reação do grande e polêmico cronista e dramaturgo, após a
decisão da FIFA de eliminar Suárez da Copa? Sob a ótica rodrigueana, como pode
ser classificada a célebre mordida? Trata-se de mais um exemplo da "divina
delinquência" no futebol?
Cena da mordida em Chiellini: "Suárez conseguiu, a um só tempo, a glória e a delinquência". |
Nelson Rodrigues: "A mais sórdida pelada é de uma complexidade shakespeariana". |
quinta-feira, 19 de junho de 2014
CHICO BUARQUE EM ONZE MÚSICAS: ESTÉTICA, CRÍTICA, EXPRESSÃO E SENTIMENTOS. | Professor João Álcimo
CHICO BUARQUE EM ONZE MÚSICAS: ESTÉTICA, CRÍTICA, EXPRESSÃO E SENTIMENTOS.
Na passagem dos setenta anos de Chico Buarque de Holanda, selecionei onze composições de seu expressivo e qualificado repertório musical. Chico Buarque, com sua estética impecável, expressão criativa, crítica acurada e leitura de sentimentos e da realidade sociopolítica, consagrou-se como um dos maiores nomes da história da música brasileira.Com faz bem ouvir as músicas de Chico Buarque! Abaixo, seguem, em ordem alfabética, as onze composições escolhidas:
"A moça
triste que vivia calada sorriu / a rosa triste que vivia fechada se abriu / e a
meninada toda se assanhou / pra ver a banda passar / cantando coisas de
amor."
https://www.youtube.com/watch?v=WZWcpEgJZAY
https://www.youtube.com/watch?v=WZWcpEgJZAY
APESAR
DE VOCÊ (Chico Buarque) - 1970.
"Você
que inventou o pecado / esqueceu-se de inventar / o perdão [...] Você que inventou
a tristeza / ora, tenha a fineza / de desinventar."
https://www.youtube.com/watch?v=nT1rxzFL0dE
https://www.youtube.com/watch?v=nT1rxzFL0dE
ATRÁS
DA PORTA (Chico Buarque /
Francis Hime) - 1972.
"Dei pra
maldizer o nosso lar / pra sujar teu nome, te humilhar / e me vingar a qualquer
preço / te adorando pelo avesso."
https://www.youtube.com/watch?v=VEmxYvFgpWY
https://www.youtube.com/watch?v=VEmxYvFgpWY
CÁLICE (Chico Buarque / Gilberto Gil) - 1973.
"Como beber
dessa bebida amarga / tragar a dor, engolir a labuta / mesmo calada a boca,
resta o peito / silêncio na cidade não se escuta."
https://www.youtube.com/watch?v=wV4vAtPn5-Q
https://www.youtube.com/watch?v=wV4vAtPn5-Q
CONSTRUÇÃO
(Chico Buarque) - 1971.
"Amou daquela
vez como se fosse a última / beijou sua mulher como se fosse a última / e cada
filho seu como se fosse o único / e atravessou a rua com seu passo tímido /
subiu a construção como se fosse máquina / ergueu no patamar quatro paredes
sólidas / tijolo com tijolo num desenho mágico / seus olhos embotados de
cimento e lágrima..."
"E também vai
amiúde / com os velhinhos sem saúde / e as viúvas sem porvir / Ela é um poço de
bondade / e é por isso que a cidade / vive sempre a repetir / Joga pedra na
Geni!"
https://www.youtube.com/watch?v=jWHH4MlyXQQ
https://www.youtube.com/watch?v=jWHH4MlyXQQ
GOTA D'ÁGUA (Chico Buarque) - 1975.
"Deixe em paz meu coração / que ele é um pote até aqui de mágoa / e qualquer desatenção, faça não / pode ser a gota d'água."
https://www.youtube.com/watch?v=GoZj4gvTAes
"Deixe em paz meu coração / que ele é um pote até aqui de mágoa / e qualquer desatenção, faça não / pode ser a gota d'água."
https://www.youtube.com/watch?v=GoZj4gvTAes
MEU CARO AMIGO (Chico Buarque / Francis Hime) - 1976.
"Meu caro amigo me perdoe, por favor / se eu não lhe faço uma visita / mas como agora apareceu um portador / mando notícias nessa fita [...] / Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta / muita mutreta pra levar a situação / que a gente vai levando de teimoso e de pirraça / e a gente vai tomando, que também, sem a cachaça / ninguém segura esse rojão."
https://www.youtube.com/watch?v=frT67CJbVcI
MULHERES DE ATENAS (Chico Buarque / Augusto Boal) - 1976.
"Quando amadas, se perfumam / se banham com leite, se arrumam / suas melenas / Quando fustigadas não choram / se ajoelham, pedem, imploram / mais duras penas / Cadenas."
https://www.youtube.com/watch?v=ojr9XfXNkI8
O QUE SERÁ (À FLOR DA PELE) (Chico Buarque) - 1976.
"Meu caro amigo me perdoe, por favor / se eu não lhe faço uma visita / mas como agora apareceu um portador / mando notícias nessa fita [...] / Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta / muita mutreta pra levar a situação / que a gente vai levando de teimoso e de pirraça / e a gente vai tomando, que também, sem a cachaça / ninguém segura esse rojão."
https://www.youtube.com/watch?v=frT67CJbVcI
MULHERES DE ATENAS (Chico Buarque / Augusto Boal) - 1976.
"Quando amadas, se perfumam / se banham com leite, se arrumam / suas melenas / Quando fustigadas não choram / se ajoelham, pedem, imploram / mais duras penas / Cadenas."
https://www.youtube.com/watch?v=ojr9XfXNkI8
O QUE SERÁ (À FLOR DA PELE) (Chico Buarque) - 1976.
"O que será que me dá / que me bole por dentro, será que me dá / que brota à flor da pele, será que me dá / e que me sobe às faces e me faz corar / e que me salta aos olhos a me atraiçoar / e que me aperta o peito e me faz confessar / o que não tem mais jeito de dissimular / e que nem é direito ninguém recusar / e que me faz mendigo, me faz suplicar / o que não tem medida, nem nunca terá / o que não tem remédio, nem nunca terá / o que não tem receita."
https://www.youtube.com/watch?v=h9N6DVXJCp8
TROCANDO EM MIÚDOS (Chico Buarque) - 1978
https://www.youtube.com/watch?v=h9N6DVXJCp8
TROCANDO EM MIÚDOS (Chico Buarque) - 1978
"Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim / não me valeu / mas fico com o disco do Pixinguinha, sim! / O resto é seu / Trocando em miúdos, pode guardar / as sobras de tudo que chamam lar / as sombras de tudo que fomos nós / as marcas de amor nos nossos lençóis / as nossas melhores lembranças."
https://www.youtube.com/watch?v=RxEn1NLmurM
https://www.youtube.com/watch?v=RxEn1NLmurM
Chico Buarque |
quarta-feira, 18 de junho de 2014
O MAIS BELO GOL DA HISTÓRIA DAS COPAS DO MUNDO. | Professor João Álcimo
O MAIS BELO GOL DA HISTÓRIA DAS COPAS DO MUNDO.
(João Álcimo Viana Lima, em 18/6/2014).
Recentemente, vi
algumas listas (quase todas no formato “top ten”), com os gols mais bonitos
feitos ao longo da história das Copas do Mundo. Entre os golaços, temos aqueles
cuja arte possui tonalidade coletiva; mas, temos outros em que a obra tem a
marca registrada da individualidade. Das duas categorias, os três que na minha
ótica merecem o pódio têm as cores do talento individual.
Em 3º lugar, fico
com o gol de Al-Owairan, da nada tradicional seleção da Arábia Saudita, em
1994, contra a Bélgica. Referido atacante partiu com a bola de seu campo
defensivo, traçou uma linha diagonal da esquerda para a direita, envolveu 5
adversários e tocou a bola para o fundo das redes.
A disputa pelo
lugar mais alto, com a marca do acirramento entre Brasil e Argentina, ficou
entre o gol de Pelé (em 1958) e o de Maradona (em 1986). O curioso é que nessas
Copas, Pelé e Maradona se tornaram campeões do mundo. A despeito de ser
brasileiro, fico com o gol de Edson Arantes do Nascimento (Pelé). Tratam-se de
gols de puro e excepcional talento. Ambos derivaram-se da arte individual, mas
tiveram traçados diferentes.
Maradona, após o
controvertido gol com “la mano de Dios”, contra a Inglaterra, nas quartas de
final, na Copa de 1986, mostrou para o mundo e para a história do futebol que
sua mágica, mesmo não se comportando nos parâmetros normais, podia se inserir
nos padrões da legalidade. Pois, então: Maradona, com “los pies”, como dono
absoluto da bola, partiu na meia-direita, ainda no campo defensivo, percorreu
55 metros em 7 segundos, deu 11 toques, numa velocidade de 29 km/h, driblou 6
adversários (incluindo o goleiro inglês) e com o pé esquerdo marcou um golaço
para lavar a alma dos argentinos. Lembremo-nos que quatro anos antes (em 1982),
a Argentina saiu derrotada e combalida da Guerra das Malvinas, contra a mesma
Inglaterra.
Quanto a Pelé, em
vez de percorrer 55 metros e de utilizar a velocidade e os dribles com a bola
correndo sobre o gramado, ele optou por demarcar um espaço milimétrico (aliás,
de aproximadamente 1 metro) para revelar sua estética e plasticidade de artista
da bola e sua excepcionalidade futebolística. Para o roteiro da obra-prima,
foram necessários apenas 3 segundos. Somente isso! Nesse tempo, ínfimo que se
tornou soberano, Pelé fez o seguinte: Ao receber a bola na grande área, após
passe de Nilton Santos, fintou o 1º defensor ao matar a bola no peito, aplicou
o "lençol" no 2º defensor (o volante Gustavsson) e, num chute de
primeira, fez o 3º gol do Brasil, aos 9 minutos da etapa final. “Magistral gol de
Pelé”, como narrou Edson Leite, pela Rádio Nacional. Para mim, o mais
esplendoroso gol das Copas do Mundo.
Gol de Pelé, na Copa de 1958.
Gol de Maradona, na Copa de 1986.
quinta-feira, 12 de junho de 2014
segunda-feira, 9 de junho de 2014
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