O MAIS BELO GOL DA HISTÓRIA DAS COPAS DO MUNDO.
(João Álcimo Viana Lima, em 18/6/2014).
Recentemente, vi
algumas listas (quase todas no formato “top ten”), com os gols mais bonitos
feitos ao longo da história das Copas do Mundo. Entre os golaços, temos aqueles
cuja arte possui tonalidade coletiva; mas, temos outros em que a obra tem a
marca registrada da individualidade. Das duas categorias, os três que na minha
ótica merecem o pódio têm as cores do talento individual.
Em 3º lugar, fico
com o gol de Al-Owairan, da nada tradicional seleção da Arábia Saudita, em
1994, contra a Bélgica. Referido atacante partiu com a bola de seu campo
defensivo, traçou uma linha diagonal da esquerda para a direita, envolveu 5
adversários e tocou a bola para o fundo das redes.
A disputa pelo
lugar mais alto, com a marca do acirramento entre Brasil e Argentina, ficou
entre o gol de Pelé (em 1958) e o de Maradona (em 1986). O curioso é que nessas
Copas, Pelé e Maradona se tornaram campeões do mundo. A despeito de ser
brasileiro, fico com o gol de Edson Arantes do Nascimento (Pelé). Tratam-se de
gols de puro e excepcional talento. Ambos derivaram-se da arte individual, mas
tiveram traçados diferentes.
Maradona, após o
controvertido gol com “la mano de Dios”, contra a Inglaterra, nas quartas de
final, na Copa de 1986, mostrou para o mundo e para a história do futebol que
sua mágica, mesmo não se comportando nos parâmetros normais, podia se inserir
nos padrões da legalidade. Pois, então: Maradona, com “los pies”, como dono
absoluto da bola, partiu na meia-direita, ainda no campo defensivo, percorreu
55 metros em 7 segundos, deu 11 toques, numa velocidade de 29 km/h, driblou 6
adversários (incluindo o goleiro inglês) e com o pé esquerdo marcou um golaço
para lavar a alma dos argentinos. Lembremo-nos que quatro anos antes (em 1982),
a Argentina saiu derrotada e combalida da Guerra das Malvinas, contra a mesma
Inglaterra.
Quanto a Pelé, em
vez de percorrer 55 metros e de utilizar a velocidade e os dribles com a bola
correndo sobre o gramado, ele optou por demarcar um espaço milimétrico (aliás,
de aproximadamente 1 metro) para revelar sua estética e plasticidade de artista
da bola e sua excepcionalidade futebolística. Para o roteiro da obra-prima,
foram necessários apenas 3 segundos. Somente isso! Nesse tempo, ínfimo que se
tornou soberano, Pelé fez o seguinte: Ao receber a bola na grande área, após
passe de Nilton Santos, fintou o 1º defensor ao matar a bola no peito, aplicou
o "lençol" no 2º defensor (o volante Gustavsson) e, num chute de
primeira, fez o 3º gol do Brasil, aos 9 minutos da etapa final. “Magistral gol de
Pelé”, como narrou Edson Leite, pela Rádio Nacional. Para mim, o mais
esplendoroso gol das Copas do Mundo.
Gol de Pelé, na Copa de 1958.
Gol de Maradona, na Copa de 1986.
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