quinta-feira, 28 de junho de 2018

QUERO OS TOSTÕES DE SETENTA / EM VEZ DOS MILHÕES DE AGORA.


QUERO OS TOSTÕES DE SETENTA
EM VEZ DOS MILHÕES DE AGORA.

(Poesia de João Álcimo Viana)

Prefiro que a inteligência
Conduza a bola no pé
E honre o trono do Pelé
Que fez pra os gols reverência,
Fez do futebol ciência,
Pesquisa que o mundo explora,
A arte que mais se adora
E magia que mais se ostenta.
Quero os tostões de setenta
Em vez dos milhões de agora.


Prefiro o jogo elegante
E a cadência de Tostão,
Menos músculo e mais visão,
Como meia ou atacante;
Prefiro o jogo ondulante
Com a patada de outrora
Na bola que corrobora
Que Riva lhe representa.
Quero os tostões de setenta
Em vez dos milhões de agora.


Prefiro o jogo com classe
Do Canhotinha de Ouro,
Vibrante como um calouro,
Preciso no chute e passe;
Se outro furacão passasse
Trazendo o Jair de fora,
A bola que hoje chora
De gols ficava sedenta.
Quero os tostões de setenta
Em vez dos milhões de agora.


Quero um Capitão fardado
Honrando time e patente,
Um cordial combatente
E com gol imortalizado.
Quero o tostão ou cruzado
Ou o réis que não vigora,
Pois sei que ele colabora
Pra o dólar sair do penta.
Quero os tostões de setenta
Em vez dos milhões de agora.

(João Álcimo Viana)